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Política

Polícia vê possível ligação entre suicídio de diretor de Aresf e morte de petista

18 jul 2022 - 17h03
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A Polícia Civil do Paraná investiga uma possível relação entre a morte do vigilante da Itaipu Binacional Claudinei Coco Esquarcini no domingo, 17, com o assassinato do guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Arruda, ocorrido no último dia 9 em Foz do Iguaçu. Arruda foi morto pelo agente penal federal Jorge Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, durante a sua festa de aniversário, que tinha como tema o PT e imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Esquarcini pertencia ao quadro de diretores da Associação Recreativa e Esportiva Saúde Física (Aresf), local onde a festa de Arruda ocorreu. Por ser um dos diretores, ele teria acesso ao sistema de monitoramento das câmeras de segurança através de senhas.

Segundo a Polícia Civil do Paraná, Esquarcini cometeu suicídio no domingo, 17, em Medianeira (PR). Imagem de câmera de segurança mostra que ele estava sozinho quando se jogou de cima de um viaduto na BR-277. Foi socorrido com vida, mas não resistiu e morreu.

Nesta segunda-feira, 18, os advogados que representam a família de Marcelo Arruda pediram que seja determinada a busca e apreensão do celular de Esquarcini e que a presidência da Aresf forneça em até 24 horas ao Ministério Público a lista completa de diretores da associação.

Após a morte de Esquarcini, começou a circular a informação de que o agente de segurança teria sido o responsável por mostrar a Guaranho as imagens das câmeras da festa na qual ocorreu a morte do tesoureiro do PT. Um associado da Aresf ouvido pelo Estadão, no entanto, afirmou que Esquarcini não estava no churrasco no qual Guaranho teria tido acesso às imagens da festa do petista.

Na sexta-feira, 15, a delegada Camila Cecconello, responsável por comandar as investigações sobre a morte de Arruda, informou que Guaranho ficou sabendo que uma comemoração com temática do PT estava ocorrendo na Aresf porque as imagens das câmeras de segurança da festa foram mostradas a ele durante um churrasco. A identidade da pessoa que tinha acesso às imagens das câmeras não foi revelada. Segundo a delegada, a testemunha afirmou que não teria mostrado as imagens por maldade e não sabia das intenções de Guaranho.

Guaranho saiu do churrasco e esteve na festa de aniversário de Marcelo Arruda por duas vezes, na noite do dia 9. Na primeira, estava na companhia da esposa e um bebê de três meses no banco de trás do carro, com som alto em uma música de apoio a Bolsonaro. De acordo com testemunhas, ao parar o veículo na entrada da festa e abaixar os vidros, Guaranho começou a gritar palavras de apoio ao presidente, tais como "aqui é Bolsonaro" e "mito", além de fazer xingamentos ao PT. Houve um princípio de discussão entre ele e Arruda, que jogou pedras e terra em direção ao carro. Nesse momento, Guaranho apontou a arma para Arruda e a esposa do guarda municipal, Pâmela Suellen Silva, interveio.

Após deixar a esposa e bebê em casa, Guaranho retornou à festa. Em depoimento à Polícia Civil, a esposa de Guaranho disse que pediu ao marido para não retornar, mas ele havia se sentido humilhado por ter sido atingido por terra e pedras. Já de volta à festa, ele saiu do carro armado - Arruda também estava armado. Guaranho atirou primeiro. Dos quatro tiros que deu, dois acertaram Arruda, que, mesmo ferido, conseguiu revidar com dez disparos, dos quais quatro acertaram Guaranho.

Caído ao chão, Guaranho ainda recebeu diversos chutes no rosto de pelo menos três pessoas. Arruda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu, deixando esposa e quatro filhos.

A conclusão do inquérito policial indiciou Guaranho por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por colocar em risco a vida de outras pessoas presentes na festa. Ele continua internado em estado grave, porém estável, respirando com a ajuda de aparelhos. O Ministério Público do Paraná teve acesso ao inquérito policial e deverá se manifestar essa semana sobre o assassinato, podendo abrir denúncia contra Guaranho ou pedir mais diligências sobre o caso.

Estadão
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