PGR denuncia Zambelli ao STF por invasão do sistema do CNJ e mandado fake de prisão de Moraes
Defesa de Zambelli diz que vai demonstrar que a deputada não praticou as infrações penais pelas quais foi acusada
A Procuradoria-Geral da República denunciou a deputada Carla Zambelli e o hacker Walter Delgatti no caso da invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A acusação foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira, 23. Os dois haviam sido indiciados por supostos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
A defesa de Zambelli diz que vai demonstrar que a deputada não praticou as infrações penais pelas quais foi acusada. "Inexiste qualquer prova efetiva que ela tivesse de alguma forma colaborado, instigado e ou incentivado o mitômano Walter Delgati a praticar as ações que praticou", anotaram os advogados Daniel Bialski, Bruno Borragine, Daniela Woisky e André Bialski.
A reportagem do Estadão pediu manifestação da defesa do hacker. O espaço está aberto para manifestações.
A decisão sobre o eventual recebimento da denúncia caberá ao Plenário do STF, julgamento que ainda não tem data para ocorrer. O ministro Alexandre de Moraes, relator, ainda deverá liberar os autos para que o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, agende uma data para que os ministros se debrucem sobre o caso.
Quando o inquérito foi finalizado, a Polícia Federal destacou que uma série de documentos apreendidos com Zambelli correspondiam a arquivos inseridos por Delgatti no CNJ, o que, para a corporação, mostra que ela participou da invasão. Entre esses arquivos está o mandado de prisão falso em que o ministro Alexandre de Moraes teria determinado sua própria prisão.
Em depoimento, Delgatti sustentou que teria recebido R$ 40 mil de Zambelli para invadir sistemas do Judiciário. A conclusão da Polícia Federal, no entanto, foi no sentido de que as transferências feitas ao hacker teriam ocorrido para a compra de garrafas de uísque, revendidas por 'Vermelho' ao assessor da bolsonarista.
A fase ostensiva da investigação, batizada 3FA, foi aberta em agosto, com a prisão de Delgatti e a realização de buscas em endereços de Zambelli. Em oitiva antes da deflagração da Operação, o hacker chegou a citar o ex-presidente Jair Bolsonaro, narrando um encontro no Palácio do Alvorada.
COM A PALAVRA, A DEFESA DA DEPUTADA
A defesa da Deputada Carla Zambelli recebeu com surpresa o oferecimento da denúncia em seu desfavor, já que inexiste qualquer prova efetiva que ela tivesse de alguma forma colaborado, instigado e ou incentivado o mitômano Walter Delgati a praticar as ações que praticou. A narrativa dele acusando a Deputada e terceiras pessoas foi desmentida pela própria investigação, e a defesa irá exercer sua amplitude para demonstrar que ela não praticou as infrações penais pelas quais foi acusada.