PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

Política

Pai de Mauro Cid usou estrutura de agência brasileira nos EUA para ir a acampamento golpista, diz site

Mauro Cesar Lourena Cid também está envolvido, segundo a PF, na venda das joias sauditas

2 abr 2024 - 10h18
(atualizado às 10h37)
Compartilhar
Exibir comentários
Mauro Cesar Lourena Cid
Mauro Cesar Lourena Cid
Foto: Divulgação/Alesp

A estrutura do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em Miami, nos EUA, foi usada pelo general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, para comparecer a um acampamento golpista no quartel-geral do Exército no fim de 2022. No local ocorriam articulações de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação foi dada com exclusividade pelo UOL.

Imagens obtidas pela reportagem mostram o general Cid circulando pelo QG em Brasília com o diretor de investimentos da Apex Miami, Michael Rinelli, no dia 3 de dezembro. Ele aparece gesticulando e falando algo ao funcionário, mas não é possível ouvir a conversa. 

Na época, o pai de Mauro Cid comandava o escritório da agência em Miami, por indicação de Bolsonaro, que é seu conhecido de longa data, já que estiveram juntos na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) na década de 1970. 

A viagem de ambos de Miami para Brasília ocorreu entre os dias 26 de novembro de 11 de dezembro de 2022, e custou aproximadamente R$ 9.300 aos cofres da agência. Segundo o site, os gastos das passagens aéreas, faturadas por meio de contrato com uma empresa terceirizada, não constam no sistema de informações públicas. 

No dia dos fatos, dois funcionários da Apex de Miami foram convocados para conhecer o quartel-geral do Exército. Não houve citação de que eles iriam ao acampamento golpista. 

Ao chegar no local, o general teria passado uma circular pelo local, e mostrado as instalações aos dois subordinados. 

Embora tenham ido ao QG onde eram realizadas articulações bolsonaristas, a justificativa oficial para a viagem até Brasília foi um evento de confraternização da Apex, com vários funcionários de diversos escritórios da agência, em dezembro daquele ano. 

A agência funciona como uma pessoa jurídica de direito privado, e não é um órgão estatal, mas é abastecida com recursos do sistema S, portanto, é auditada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e deve prestar contas à ele. 

O período em que o general veio ao Brasil também coincide com as discussões em relação à minuta golpista, de acordo com a Polícia Federal, entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e a cúpula das Forças Armadas. 

Não por acaso, o pai de Mauro Cid é investigado no caso da venda de joias presenteadas ao ex-presidente, e que deveriam ser incorporadas ao acervo da União. Conforme a PF, ele foi responsável por negociar a venda dos itens em lojas dos Estados Unidos. Mauro Cid chegou a contar às autoridades que o dinheiro da comercialização ilegal teria sido depositado na conta do pai dele. 

Seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid, voltou a ser preso na semana passada após o vazamento de áudios nos quais dizia ter sofrido pressão em seu acordo de delação premiada assinado com a Polícia Federal e homologado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A PF suspeita que ele tenha omitido informações dos investigadores.

Carta de ex-funcionário da Apex

Um ex-funcionário da Apex, identificado como Cristiano Laux, demitido neste mês do escritório da agência em Miami, enviou no dia 7 de março uma carta à cúpula do órgão relatando que o general Cid usou computadores e aparelhos eletrônicos da estrutura para realizar ataques golpistas com agentes do Exército. Laux foi analista de inteligência de mercado no escritório de Miami. 

Ainda segundo o documento, o pai do tenente-coronel pediu ajuda aos funcionários do local para apagar os registros, mais especificamente Michael Rinelli, e seguir frequentando o escritório, após ser demitido do cargo com a posse de Lula, no início de 2023. Esses documentos conseguiram envolver o general Cid em tratativas golpistas.

“Foram várias as graças que testemunhei a presença do general no escritório após sua demissão nos meses de janeiro e fevereiro de 2023. Recordo que ele disse que iria trazer o 'presidente Bolsonaro' para conhecer o escritório e equipe no período em que este esteve refugiado em Orlando”, afirmou Laux. 

Em uma dessas visitas, segundo o documento, o general levou seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid, e que eles se reuniram às portas fechadas na antiga sala do general na Apex de Miami. "Inclusive lembro ter notado que tinha uma mala e o tenente-coronel carregava objetos", explica. 

Antes disso, o general Mauro Lourena Cid teria contratado o escritório ao longo de 2022 como base de articulação golpistas junto às lideranças militares para evitar a posse do presidente Lula e destituição de outros Poderes. 

“O mesmo afirma em conversas nos corredores e cozinha da Apex que não teria posse e se mostrou confiante em permanecer no cargo em Miami por um período mais longo, e mostrou seu celular, de propriedade da Apex, para colaboradores, onde continha mensagens e gravações com seus grupos da alta cúpula militar através do aplicativo WhatsApp”, diz o ex-funcionário no documento. 

Ao UOL, a defesa do general Cid afirmou desconhecer o assunto, e que não iria se manifestar. Já a defesa de Rinelli não retornou os contatos. 

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade