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Política

Ministério aciona PF para investigar denúncia de jogos combinados após relato de empresário à CPI

Revelações de depoente na CPI de manipulação de resultados o empresário indicam esquema que envolve árbitros, jogadores e políticos, com operações no Brasil e no exterior

15 out 2024 - 17h47
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BRASÍLIA - O Ministério da Justiça acionou a Polícia Federal (PF) para investigar indícios de manipulação de jogos no Brasil. O pedido de apuração partiu da Secretaria Nacional de Apostas Esportivas, do Ministério do Esporte, a partir de depoimento do empresário William Rogatto na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Resultados em 8 de outubro.

William Rogatto depôs por videoconferência na CPI das Apostas Esportivas
William Rogatto depôs por videoconferência na CPI das Apostas Esportivas
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado / Estadão

O Ministério do Esporte sustenta que o empresário William Rogatto contou em depoimento à CPI que a manipulação de jogos ocorre há mais de 40 anos, e que existe um "complexo sistema", que inclui fotos, vídeos, negociações, gravações e conversas envolvendo a manipulação de jogos.

Considerado um dos chefes de esquemas de apostas investigado pela Justiça, Rogatto confessou a manipulação de jogos de futebol no Brasil e disse que ganhou aproximadamente R$300 milhões no esquema, que lucra com o rebaixamento de times.

O empresário declarou-se réu confesso e que foi responsável pelo rebaixamento de 42 equipes de futebol, operando em todas as federações estaduais de futebol do Brasil, além do Distrito Federal e em nove países, incluindo a Colômbia. Ele também mencionou que "em questão de valores movimentados, o esquema de adulteração de partidas fica atrás apenas da política e do narcotráfico".

Rogatto afirmou que o esquema de manipulação dos jogos existe há mais de 40 anos e que a "maior hipocrisia do mundo está em ter um clube de futebol hoje e ser patrocinado por uma casa de apostas".

Jogador se transforma em aposta

Em resposta ao senador Romário (PL-RJ), relator da CPI, o empresário afirmou que o fato de uma casa de apostas patrocinar um clube "já abre um gatilho para que tudo aconteça" e que a partir disso "o jogador se transforma em aposta, ele não recebe um salário digno e a bet vem e dá um suporte."

O relator da CPI sugeriu a Rogatto a realização de uma delação premiada, mas ele disse que apesar de ser "interessante" não garantia a devida proteção, dadas as constantes ameaças que vem recebendo de pessoas envolvidas nesses esquemas.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) defendeu a concessão de medida de segurança a Rogatto, em virtude do teor de suas declarações. Ele perguntou ao empresário se havia a presença de políticos no esquema de manipulação e Rogatto confirmou: "Tem político, vereador, prefeito. O sistema é único e para entrar é preciso de pessoas. Todo mundo gosta de dinheiro. Eu sempre procurei entrar nas secretarias de Esporte."

William Rogatto depôs por videoconferência na CPI das Apostas Esportivas
William Rogatto depôs por videoconferência na CPI das Apostas Esportivas
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado / Estadão
Estadão
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