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Política

Lula diz que 'problema' é do Congresso se derrubar veto a saidinhas: 'Posso lamentar'

Café da manhã do presidente com jornalistas nesta terça-feira, 23, ocorre em meio à queda de braço entre governo e Congresso; Lula cobrou ministros por maior articulação com o Legislativo

23 abr 2024 - 10h34
(atualizado às 15h42)
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BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira, 3, que "o problema é do Congresso" se os parlamentares optarem por derrubar o veto presidencial ao projeto de lei que restringiu o direito às saídas temporárias de presos - também conhecidas como saidinhas.

"Eu nunca fico chateado porque o Congresso derrubou tal coisa", disse Lula. "Eu muitas vezes fico chateado com a minha incompetência de não tê-los convencido do contrário", prosseguiu o presidente. "Se o Congresso derrubar, é um problema do Congresso. Eu posso lamentar", concluiu.

Deputados e senadores devem analisar nesta quarta-feira, 24, em sessão conjunta do Congresso uma série de vetos de Lula a projetos de leis aprovados pelo Legislativo. A expectativa é que o governo sofra novas derrotas e veja o restabelecimento das medidas vetadas.

Lula diz que governo não tem problemas com o Congresso e descarta reforma ministerial

Apesar da crise na articulação política que tem feito o governo colecionar revezes, Lula disse que o Palácio do Planalto "não tem problemas com o Congresso" e descartou por ora trocar ministros para melhorar a relação. Segundo Lula, o cenário de crise com lideranças da Câmara e do Senado e as diversas derrotas enfrentadas pelo Executivo são episódios normais da política.

"Eu sinceramente não acho que a gente tem problema no Congresso. A gente tem situações que são coisas normais da política", disse. "Eu diria que nós estamos numa situação de muita tranquilidade com o Congresso Nacional", prosseguiu. "Todas as coisas serão aprovadas e acordadas com a presença dos líderes e dos ministros responsáveis pela matéria", completou.

Lula descartou promover uma reforma ministerial, como era aventado por políticos em Brasília para o início deste ano. O presidente fez uma analogia com o futebol e disse que "não gosta de técnico que anuncia quando entra em campo quem ele vai tirar". Ainda se valendo de comparações futebolísticas, Lula disse que "um time entra para jogar e está jogando do jeito que eu acho que tem que jogar". "Portanto, não existe nenhuma previsão de reforma ministerial", disse.

O presidente participou de um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. O encontro ocorreu em meio à queda de braço entre o governo e o Congresso, numa semana em que lideranças ligadas ao petista já esperam novas derrotas com a derrubada de vetos presidenciais pelos parlamentares.

Em evento realizado na segunda-feira, 22, Lula cobrou publicamente a participação de quatro dos seus principais ministros na articulação política. Até mesmo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi intimado a ser "mais ágil" no diálogo com deputados e senadores.

Essa não foi a primeira bronca do presidente nos chefes das pastas desde o início do governo. Em outras ocasiões, ele já afirmou que quer maior divulgação das ações do governo federal pelos integrantes da Esplanada, exigiu que os ministros viagem mais pelo País e proibiu "ideias novas" do alto escalão.

Lula ainda afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve ler menos e estar mais presente no Congresso. O presidente também afirmou que os ministros Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, e Rui Costa, da Casa Civil, devem "passar uma parte do tempo conversando" com os parlamentares.

No início do café da manhã desta terça-feira, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, criticou a repercussão das cobranças de Lula aos seus subordinados. Segundo Pimenta, as cobranças do presidente foram meras brincadeiras.

O titular da Secom reclamou do destaque às falas de Lula, sendo que o governo se vê imerso num cenário de crise com o Congresso provocado pela dificuldade de interlocução dos ministros com os parlamentares. Para Pimenta, a notícia deveria ter sido exclusivamente o lançamento do programa de microcrédito "Acredita".

"Milhões de reais de crédito acabam secundarizados, como se aquela brincadeira fosse uma crítica, uma bronca, uma reprimenda, como se o presidente Lula estivesse insatisfeito com a sua equipe", reclamou Pimenta. "Desse jeito o presidente Lula não pode nem brincar mais", prosseguiu.

Lula, por sua vez, disse que "se não quisermos manchete negativa, a gente (governo) não pode dar pretexto para manchete". O presidente voltou a destacar o Acredita que, segundo ele, é "o mais importante programa de crédito e microcrédito desse País em 500 anos de história".

"Ou o dinheiro circula, ou a economia não cresce. É preciso fazer com que o dinheiro circule na mão de muita gente para que o pequeno empreendedor vire o pequeno empregador", disse Lula.

Lula minimiza avaliação negativa do governo em pesquisas

O presidente minimizou os diversos resultados negativos colhidos pelo governo em pesquisas de opinião divulgadas no quatro primeiros meses deste ano. Segundo Lula, "um político qualquer que tiver preocupação com pesquisa no começo do seu mandato efetivamente não está preparado para ser político".

"Quando sai uma pesquisa no primeiro ano de mandato é normal que a expectativa que não foi atendida gere um mau humor na sociedade", afirmou. "A mim não incomoda porque sei o que estamos fazendo", completou.

Estadão
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