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Política

Luís Roberto Barroso relaciona Elon Musk a 'movimento destrutivo de extrema direita'

Presidente do STF defendeu atuação do Judiciário e disse que críticas do dono do X e da Tesla estão ligadas aos ataques à democracia brasileira

16 mai 2024 - 17h39
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, associou o bilionário dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, a uma "articulação de extrema direita no mundo", que agrupa "inimigos poderosos da democracia". O magistrado, em entrevista ao jornal britânico Financial Times, classificou o movimento como "destrutivo".

Ao mencionar o nome do empresário que, no mês passado, protagonizou embates com o também ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem Musk chamou de "ditador", Barroso disse que "algumas pessoas invocam o direito à liberdade de expressão quando, na verdade, defendem um modelo de negócio baseado no engajamento e, infelizmente, no ódio, no sensacionalismo e em teorias da conspiração".

Os ataques ao Poder Judiciário brasileiro feitos pelo também dono da Tesla e da Starlink foram motivados pelas decisões de Moraes para suspensão de perfis, no X, de investigados por disseminação de fake news e atos antidemocráticos. Para o bilionário, as ordens são uma forma de "censura" e, por isso, ele ameaçou descumpri-las.

Ministro Luís Roberto Barroso defende atuação da Justiça frente aos ataques à democracia brasileira.
Ministro Luís Roberto Barroso defende atuação da Justiça frente aos ataques à democracia brasileira.
Foto: Gabriela Biló/Estadão / Estadão

Musk, incluído por Moraes como investigado no inquérito das milícias digitais por "dolosa instrumentalização" da plataforma, foi exaltado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo próprio político, que disse em protesto convocado por ele que o bilionário é um "mito da liberdade". Os embates levaram parlamentares a defender a tese de que no Brasil há "violações aos direitos humanos e perseguição política" à direita.

Defendendo a necessidade da atuação da Justiça, Barroso citou as investigações da Polícia Federal (PF) que indicam que Bolsonaro discutiu com comandantes das Forças Armadas e ministros a organização de uma tentativa de golpe de Estado. A Operação Tempus Veritatis revelou que o esquema, que possuía seis núcleos de atuação, tinha o objetivo de desacreditar o processo eleitoral e executar o golpe e a abolição do Estado Democrático de Direito para manter o ex-chefe do Executivo no poder.

O presidente da Suprema Corte lembrou os ataques golpistas do 8 de Janeiro, quando apoiadores do ex-presidente se manifestaram contra a eleição do chefe do Executivo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como mostrou o Estadão, os extremistas convocados pelas redes sociais passaram, sem ou com pouca resistência, pelo bloqueio de segurança da Polícia Militar e depredaram os prédios públicos do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto.

"As pessoas que pensam que exageramos devem saber que tipo de forças tivemos que combater. Estamos falando de pessoas que prepararam um golpe de Estado. Estamos falando de pessoas que invadiram (as sedes dos Três Poderes) com fúria", disse Barroso.

A entrevista foi concedida ao jornal britânico durante o evento J20, que reuniu representantes das Supremas Cortes e Tribunais Constitucionais dos países do G-20 na sede do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Entre os dias 13 e 14 deste mês foram discutidas questões como justiça social, sustentabilidade e tecnologia na esfera judicial.

Ao debater mudanças climáticas no encontro, Barroso comentou a maior tragédia ambiental da história do Rio Grande do Sul e disse que magistrados podem sofrer "influências políticas" ao citar que o STF tem investido em inteligência artificial para acelerar o andamento de processos judiciais.

Estadão
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