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Lava Jato

Auge e queda de Cabral: a "Farra dos Guardanapos" em Paris

Silvio Barsetti lança livro "A Farra dos Guardanapos: O Último Baile da Era Cabral" com detalhes de festa do ex-governador do Rio de Janeiro

1 ago 2018 - 10h00
(atualizado às 16h39)
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Dança com os guardanapos acabou roubando os holofotes da festa depois que fotos se tornaram públicas
Dança com os guardanapos acabou roubando os holofotes da festa depois que fotos se tornaram públicas
Foto: Divulgação

Uma festa que reuniu 150 pessoas em um dos locais mais nobres da Europa. Um gasto de cerca de R$ 1,5 milhão para celebrar o recebimento da condecoração máxima do governo francês. Um mágico entretendo os convidados. Uma dança espontânea com guardanapos amarrados na cabeça de alguns dos homens mais influentes presentes.

Um escândalo que se tornou público em 2012 e que vem à tona, agora,  com um nível de detalhamento impressionante. "A Farra dos Guardanapos: O Último Baile da Era Cabral", de Sílvio Barsetti, ilustra o encontro que marcou o auge do período de Sérgio Cabral como governador do Rio de Janeiro.

Correspondente do Terra no Rio de Janeiro, Barsetti tem mais de 30 anos de profissão, tendo trabalhado com esportes, política e cultura ao longo da carreira. Depois de nove meses de apuração, em que contou com com a parceria de outro jornalista, Roberto Lucio, ele lança seu primeiro livro. “Farra dos Guardanapos” não deixa de ser uma grande reportagem sobre um episódio, que, segundo o autor, expôs “uma falta total de sintonia do ex-governador com os eleitores do Estado, com os eleitores do País todo”.

“Naquele ano [2009], Cabral era cotado para ser vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff e já despontava até como futuro candidato à Presidência da República. A extravagância daquele banquete foi tanta que ao final alguns dos homens mais poderosos do Rio começaram a dançar no restaurante com guardanapos na cabeça, para horror de maîtres e garçons.”, conta Barsetti.

"Mais de 300 garrafas de vinhos caríssimos, champanhe, uma noite com o glamour de músicos contratados para dançar no salão onde foi servido o jantar"
"Mais de 300 garrafas de vinhos caríssimos, champanhe, uma noite com o glamour de músicos contratados para dançar no salão onde foi servido o jantar"
Foto: Divulgação

Sérgio Cabral, que posteriormente foi investigado pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, é réu em mais de 20 processos e agora está preso, havia recebido a Légion D`Honneur em 2009. Para celebrar, no dia 14 de setembro, um grande banquete aconteceu em uma mansão na avenida Champs-Élysées, em Paris, supostamente bancado por um empresário. “De todo modo, o dinheiro público escorreu em passagens aéreas, hospedagem e diárias da maioria de seus convidados”, conta Barsetti.

O jornalista ficou chocado com a extravagância da comemoração. “Mais de 300 garrafas de vinhos caríssimos, champanhe, uma noite com o glamour de músicos contratados para dançar no salão onde foi servido o jantar. Havia até mágico para entreter o grupo.” E para desenterrar os pormenores da festa, Barsetti precisou de paciência para superar as dificuldades e conseguir todos os detalhes.

“A dificuldade maior foi entrevistar quem estava presente à festa. Vários estão presos e outros tantos têm pavor de ver seu nome associado ao evento. Foram várias noites viradas. Às vezes, eu ia dormir às 7h da manhã, debruçado na Internet e em anotações”, relembra. Vários presentes tiveram problemas com a justiça, como os empresários Georges Sadala e Fernando Cavendish e os secretários de Estado Sérgio Côrtes e Wilson Carlos. “Pelo menos dez dos comensais acabaram condenados pela Justiça.”

Cerca de R$ 1,5 milhão gastos para celebrar o recebimento da condecoração máxima do governo francês
Cerca de R$ 1,5 milhão gastos para celebrar o recebimento da condecoração máxima do governo francês
Foto: Divulgação

Já a dancinha com guardanapos, que na opinião de Barsetti “simboliza o desdém e a arrogância de parte importante da classe política do Brasil”, acabou roubando os holofotes da festa depois que fotos se tornaram públicas. “Um dos entrevistados disse que ganhou na Mega-Sena ao deixar a festa antes de alguns convidados colocarem guardanapos na cabeça”, afirma.

O livro tem prefácio do jornalista Octavio Guedes, galeria de fotos da festa e um infográfico com a sequência dos episódios, para ajudar o leitor a entender tudo o que se passou em Paris, antes, durante e depois da “Farra”. A capa e as artes são de André Hippertt, um dos mais premiados designers gráficos do país.

Infelizmente, o maior nome relacionado à farra não colaborou com a apuração. Barsetti até tentou, mas Sérgio Cabral não foi uma das fontes. “Tentei falar com a família Cabral por meio do filho dele, Marco Antônio Cabral, que é deputado federal. Mas não houve retorno e deduzi que não havia interesse deles em se manifestar”, sintetiza.

A publicação é a primeira a ser lançada pela Editora Máquina de Livros, dos jornalistas Bruno Thys e Luiz André Alzer, que pretende se especializar em livros de reportagem, biografias, etc. Além de livrarias, "A Farra dos Guardanapos – O último baile da Era Cabral" também pode ser adquirido  no site www.maquinadelivros.com.br.

SERVIÇO

Título: A Farra dos Guardanapos – O último baile da Era Cabral

Autor: Sílvio Barsetti

Editora: Máquina de Livros

Páginas: 176

Preço: R$ 39,90

"A Farra dos Guardanapos: O Último Baile da Era Cabral", de Sílvio Barsetti
"A Farra dos Guardanapos: O Último Baile da Era Cabral", de Sílvio Barsetti
Foto: Divulgação

LANÇAMENTO

Quarta-feira, 8 de agosto, a partir das 19h

Livraria Blooks – Praia de Botafogo 316, Botafogo, Rio de Janeiro

Fonte: Redação Terra
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