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CPI do Cachoeira

Relator apresenta parecer de investigações contra Leréia na 4ª

7 ago 2013 - 22h53
(atualizado às 22h54)
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O relator do processo contra o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) no Conselho de Ética da Câmara, deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC), deverá apresentar seu parecer sobre as investigações relacionadas ao parlamentar goiano na próxima quarta-feira. Se houver pedido de vista, a votação deverá ficar para o dia 21, pois o colegiado tem até o dia 23 para concluir seus trabalhos.

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Hoje, o deputado Leréia compareceu ao conselho para se defender das acusações de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Ele confirmou que tem relação de amizade com Cachoeira e disse que não cometeu qualquer irregularidade. Leréia disse que nunca soube de supostas atividades ilegais praticadas por Cachoeira em Goiás.

O deputado Leréia afirmou que chegou a usar o cartão de crédito de Cachoeira para comprar jogos eletrônicos e também que recebeu diversos empréstimos dele para honrar compromissos financeiros, uma vez que tinha que efetuar pagamentos e estava com parte de seus bens bloqueados. “Recorri a um amigo que sabia que tinha dinheiro, e ele emprestou porque sabia que eu tenho palavra e honraria os pagamentos”, disse.

A representação contra Leréia foi encaminhada ao Conselho de Ética pela Mesa Diretora da Câmara por envolvimento com Cachoeira. Por ocasião da representação, Leréia disse que jamais intercedeu em licitação de interesse do empresário e que não tem relação com a exploração de jogos ilegais, que motivou a investigação sobre Carlinhos Cachoeira.

De acordo com o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), o parecer do relator poderá ser pela perda de mandato, pela aplicação de punições que podem ser prescritas até a suspensão do mandato do deputado. A decisão sobre punição ou absolvição do parlamentar será tomada pelos integrantes do conselho, em votação aberta.

Izar informou que hoje encaminhou à presidência da Câmara a decisão do conselho sobre a punição escrita a ser aplicada ao deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), julgado no final do semestre passado pelo colegiado.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumpriria a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. O pedido foi negado pela Justiça.

No dia 7 de dezembro, Cachoeira voltou a ser preso. O juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiás, condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de reclusão por diversos crimes relativos à Operação Monte Carlo e determinou sua prisão preventiva. A defesa recorreu e, quatro dias depois, o juiz federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) concedeu novo habeas-corpus e Cachoeira foi libertado.

Agência Brasil Agência Brasil
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