Bolsonaro pede desculpas e diz que não tinha 'indício nenhum' sobre acusações a Moraes, Fachin e Barroso: 'Era um desabafo'
Ex-presidente foi interrogado no STF em ação que apura planejamento de golpe de Estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi interrogado no Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta terça-feira, 10, na ação que apura o planejamento de um golpe de Estado. Questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre acusações feitas à Justiça Eleitoral durante reunião ministerial gravada, o ex-presidente confirmou não ter provas e disse que as falas se tratavam de um "desabafo".
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
A reunião em si aconteceu em 5 de janeiro de 2022. Na ocasião, como pontuou Moraes, além da imputação de fraudes e problemas às urnas eletrônicas, também houve "incentivo" à deslegitimação da Justiça Eleitoral. No caso, Bolsonaro insinuou que ministros do STF estariam recebendo milhões de dólares para fraudar as eleições.
Na reunião em questão, gravada sem o conhecimento do ex-presidente, Bolsonaro disse: “Pessoal, perder uma eleição não tem problema nenhum. Nós não podemos é perder a democracia em uma eleição fraudada. Olha o Fachin, o cara não tem limite. E não vou falar que o Fachin tá levando US$ 30 milhões (cerca de R$ 167,20 mi). Não vou falar isso aí. O que o Barroso tá levando? 30 milhões de dólares. Não vou falar isso aí. Que o Alexandre de Moraes está levando US$ 50 milhões (R$ 278,66 mi). Não vou falar isso aí. Não vou levar pra esse lado. Não tenho prova, pô. Mas há algo esquisito está acontecendo”.
Após reler as falas, Moraes questionou: "Quais eram os indícios que o senhor tinha de que estávamos levando 30 milhões, US$ 50 milhões?”. Nisso, Bolsonaro confirmou que não tinha nenhum indício e afirmou que não era sua intenção acusar os ministros de desvio de conduta.
"Não tinha indícios nenhum, senhor ministro. Tanto que era uma reunião pra não ser gravada. Era um desabafo, uma retórica que usei. Se fossem outros três ocupando [o STF], eu teria falado as mesmas coisas. Então, me desculpe, não tinha a intenção de acusar de qualquer desvio de conduta dos senhores três", afirmou o ex-presidente.
Interrogatórios
O Supremo Tribunal Federal retomou nesta terça-feira os interrogatórios dos acusados de participar de uma trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro na presidência após a derrota nas eleições de 2022. O primeiro interrogado do dia foi Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, seguido de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e Augusto Heleno, general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Depois foi a vez de Jair Bolsonaro. O último interrogado até o momento foi o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
Conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, os depoimentos desta terça avançam na linha de reconstrução da dinâmica interna do governo e do papel das Forças Armadas no suposto plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As oitivas ocorrem em audiência presencial, na sala de sessões da Primeira Turma do STF, em Brasília, que foi adaptada especialmente para esta etapa processual.