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Política

Base de Lula vai levar Marcos Do Val ao Conselho de Ética

Senador do Podemos denunciou trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, fabricou versões e agora quer afastar de investigações no Supremo Tribunal Federal o ministro Alexandre de Moraes

3 fev 2023 - 21h23
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BRASÍLIA - Senadores da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva vão representar contra o senador Marcos Do Val (Podemos-ES) ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Do Val denunciou uma trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, fabricou versões e agora quer afastar de investigações no Supremo Tribunal Federal o ministro Alexandre de Moraes. O processo no conselho pode terminar com a perda do mandato.

Em dois dias, o parlamentar capixaba fabricou pelo menos cinco versões diferentes do plano elaborado no Palácio da Alvorada para impedir a diplomação e posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A versão original era que Bolsonaro, em dezembro do ano passado, o coagiu a gravar o ministro do STF Alexandre de Moraes para obter dele uma declaração comprometedora que servisse para anular as eleições e impedir a posse de Lula.

Por causa das mudanças de versão, Moraes determinou que o senador seja investigado pelos crimes de falso testemunho e denunciação caluniosa, após depoimento formal à Polícia Federal.

"É grave a denúncia porque envolve o presidente. E, se ele desmentir o que falou, terá quebrado o decoro parlamentar", disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do Governo no Congresso Nacional, disse que Do Val não terá uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre os atos de 8 de janeiro, como planeja, mas "terá Conselho de Ética".

O senador Omar Aziz (PSD-AM) também se disse favorável a que o colega seja processado por quebra de decoro. "A gente está esperando o que para agir? A comissão de ética precisa se reunir e pedir o afastamento do senador Marcos do Val, que não tinha direito de não comunicar a PGR e o Senado Federal para que providências fossem tomadas", defendeu Aziz.

O núcleo jurídico do partido prepara uma representação. Deputados do PT também pressionam pela ação direta da bancada de senadores contra do Val. Integrantes da bancada federal avaliam que o senador bolsonarista na verdade tentou tumultuar as investigações contra Moraes e pode ser cassado por "falso testemunho, coação, calúnia e golpismo".

O Conselho de Ética deve ser instalado na semana que vem, conforme assessores da Presidência do Senado. O nome mais cotado para comandar o colegiado é o senador Jayme Campos (União-MT), já sondado para a função. O conselho está parado há três anos e já foi presidido por ele antes. Desde setembro de 2019 não há reuniões.

Desde o início o caso Do Val tem sido acompanhado por ministros palacianos. Eles veem com desconfiança as denúncias do senador, que é considerado "confuso" e havia procurado líderes do governo, indicando que desejava ajudar o Palácio do Planalto.

"Estamos entrando em rota de colisão com ele (Lula) e com o ministro da Justiça (Flávio Dino). Não vou recuar. Daqui para a frente vai ser uma batalha cada fez maior. Meu objetivo é tornar claro o crime de prevaricação dos ministros e do atual presidente da República", disse Do Val, que protegeu o clã Bolsonaro.

Estadão
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