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Política

Apenas 30,9% dos candidatos à eleição são mulheres; só 44,2% são negros

19 set 2014 - 14h44
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As mulheres e os negros, apesar de serem grupos majoritários da população brasileira, só constituem 30,9% e 44,2%, respectivamente, dos candidatos às eleições do próximo dia 5 de outubro, segundo estudo divulgado nesta sexta-feira.

Dos 25.919 candidatos inscritos por 32 partidos para os diferentes cargos em disputa, apenas 8.008 são mulheres, enquanto 17.911 são homens, de acordo com o perfil elaborado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc)

A representação das mulheres entre os candidatos não reflete a situação do país, no qual 51,5% da população é feminina, conforme o Inesc, cujo o esudo também alertou sobre a baixa participação de negros e índios entre os aspirantes aos principais cargos públicos brasileiros.

O fato de a porcentagem de mulheres inscritas nas eleições estar próximo ao mínimo de 30% exigido na legislação, segundo o Inesc, comprova as denúncias de grupos feministas que denunciam os partidos por só incluírem mulheres em suas listas para cumprir a lei.

No entanto, três dos 11 candidatos à presidência são mulheres, entre elas as duas favoritas ao cargo: a atual presidente Dilma Rousseff, e a ambientalista Marina Silva, que estão virtualmente empatadas nas pesquisas de intenção de voto em segundo turno.

A terceira candidata é Luciana Genro, postulante ao cargo de chefe de Estado pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

De acordo com o Inesc, apenas 44,2% dos candidatos é negro ou pardo, apesar de os afrodescendentes representarem 53,1% da população brasileira.

"A respeito da questão racial e de gênero, as candidaturas seguem majoritariamente de homens brancos", diz o relatório.

Do total de candidatos, 38,6% são homens brancos, 30% homens negros, 16,5% mulheres brancas e 14,2% mulheres negras.

Entre so candidatos à presidência, apenas Marina Silva se declarou como negra na Justiça Eleitoral.

Quanto aos indígenas, há 83 candidatos índios, 0,32% do total, em um país que a raça representa 0,44% da população. Três deles tentam uma vaga no senado, 24 querem ser deputados federais e 51 buscam ser eleitos como deputados estaduais.

O Inesc considera que a partir deste ano, em que os candidatos foram obrigados a declarar seu gênero e raça às autoridades eleitorais, será possível lutar por uma maior representação de negros e mulheres nas eleições, assim como de outros grupos minoritários.

"A partir de agora, com esses dados oficiais, contamos com uma ferramenta concreta para pressionar por mudanças no sistema partidário, como já foi conseguido para o gênero com a lei que reserva 30% das candidaturas às mulheres. Sabíamos que existiam grandes desigualdades, mas não tínhamos dados oficiais", afirmou Carmela Zigoni, assessora política do Inesc.

O instituto também alertou que, dos candidatos, apenas 6,8% têm menos de 29 anos, um grupo que representa quase 50% da população brasileira.

"Isso ocorre porque muitas vezes os jovens não compreendem o sistema político como forma de representar suas demandas, e buscam outras formas de organização política", explica a especialista.

Mas é entre os jovens que há a maior porcentagem de candidatos negros (45,4%) e de mulheres (52,3%).

"Mostra que há uma tendência rumo uma maior equidade nas candidaturas", disse Carmela.

EFE   
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