Suspeito de manter 'casamento' com criança de 11 anos é preso no AM; pai da menina também foi detido
Denúncia foi encaminhada à polícia pelo Conselho Tutelar de Manacapuru
A Polícia Civil do Amazonas prendeu dois homens em Manacapuru por estupro de vulnerável, sendo um por "casar" com uma menina de 11 anos e outro, o pai da vítima, por conivência; o caso reflete a grave questão do casamento infantil no Brasil.
A Polícia Civil do Amazonas prendeu em flagrante, nesta terça-feira, 11, dois homens suspeitos de estupro de vulnerável no município de Manacapuru (AM), a 68 quilômetros da capaital amazonense. Um deles, de 33 anos, é acusado de manter um "casamento" com uma menina de 11 anos, com quem vivia. O pai da criança, de 38, também foi detido por ser conivente com o crime, já que tinha conhecimento da situação e não a denunciou às autoridades.
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De acordo com a delegada Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada de Polícia (DEP) de Manacapuru, a prisão foi realizada em uma comunidade rural localizada às margens do rio Manacapuru, no Lago Ubim, após denúncia encaminhada pelo Conselho Tutelar do município. Em seu perfil no Instagram, a delegada destacou que a vítima começou a conviver com o agressor quando tinha apenas 10 anos, o que caracteriza um crime hediondo de violência sexual continuada.
A operação contou com o apoio do Conselho Tutelar de Manacapuru, que acompanhou a equipe policial e prestou acolhimento à vítima. Segundo a delegada, houve cuidado especial no transporte e atendimento da menina, que foi levada em veículo separado dos suspeitos e recebeu apoio psicológico e social após a prisão.
Joyce ressaltou que o caso reflete um problema grave e recorrente no país — o casamento infantil —, muitas vezes tratado com naturalidade em comunidades rurais. "As pessoas dizem: 'mas nas comunidades isso é normal'. Não é normal, não é natural, é crime hediondo", afirmou. A delegada também reforçou a importância da denúncia e do trabalho conjunto entre os órgãos de proteção à infância.
Ambos os homens foram autuados por estupro de vulnerável, sendo o pai também enquadrado por omissão. Eles permanecem à disposição da Justiça.
A Polícia Civil destacou que o caso deve servir de alerta à população. "A lei existe para todos. Isso não é cultural, é crime. Precisamos respeitar os direitos das crianças e adolescentes e combater toda forma de exploração sexual", concluiu a delegada.