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Polícia

SP: aluno abandona curso de medicina após agressão em trote

Estudante diz ter desmaiado com agressões e ter acordado seminu, na beira da piscina, com o corpo sujo por vômito e urina de outros alunos

24 mar 2014 - 19h01
(atualizado em 25/3/2014 às 13h17)
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A Polícia Civil de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, investiga a autoria de trotes violentos que foram praticados contra um calouro de 22 anos da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp). Abalado pelas agressões sofridas com os trotes, o estudante Luiz Fernando Alves, calouro do primeiro ano, abandonou as aulas e retornou à casa dos familiares, no interior de Minas Gerais.

O estudante registrou um Boletim de Ocorrência na polícia, no qual diz ter sofrido agressões durante a "Festa do Bicho", realizada na última terça-feira, em um clube próximo da escola. A festa durou entre terça e sexta-feira, mas no primeiro dia, segundo a denúncia, os calouros foram obrigados a ficar de joelhos e a consumir bebida alcoólica, enquanto veteranos despejavam cerveja gelada sobre o corpo deles. 

Luiz contou à polícia que, enquanto jogavam a cerveja, estudantes batiam com as garrafas em sua cabeça, e que chegou a ser empurrado e agredido com socos e pontapés. O jovem também contou que, devido às agressões, ficou desacordado e que foi encontrado, seminu, na beira da piscina, com o corpo sujo por vômito e urina de outros estudantes. Além dele, outros meninos e também meninas teriam sofrido as mesmas agressões.

Na quarta-feira, Luiz conseguiu sair do local da festa, e ao contar a amigos que iria denunciar os trotes violentos ao diretor da faculdade, passou a receber ameaças, até de morte. Foi então que, na sexta-feira, procurou a polícia, registrou o boletim de ocorrência e voltou para Contagem (MG). 

Nesta segunda-feira, Luiz estava em consulta com psicólogo, quando sua mãe, Flordelice Hudson, atendeu a reportagem. “Ele está com muito medo, muito medo”, contou. “Meu filho sofreu ferimentos na coxa, na mão, no rosto e teve uma orelha cortada”, afirmou. “Mas não queremos prejudicar nenhum estudante não, que eles terminem o curso. O que nos queremos é que meu filho consiga uma transferência para outra escola”, disse ela.

“Meu filho estudou muito, quatro anos, tentando passar numa faculdade gratuita porque não temos dinheiro. Aqui, somos eu, ele e o irmão, que é deficiente. Ele não tem pai para pagar faculdade privada, não”, afirmou a mãe, pensionista há seis anos, desde que o pai de Luiz morreu. “Só queremos que meu filho seja transferido, tenho muito de que ele possa sofrer algum mal se voltar para lá”, contou. Flordelice tentava na tarde desta segunda-feira convencer a imobiliária a não cobrar uma multa de R$ 4 mil pelo rompimento de contrato de um imóvel que tinha alugado para o filho em Rio Preto.

A Famerp divulgou nota em que diz que não concorda com o trote violento e que abriu sindicância “para apurar detalhes a respeito do trote e das supostas agressões aos estudantes recém-ingressados”, diz a nota. O diretor da instituição,  Dulcimar Donizeti de Souza, disse que se reuniu nesta segunda-feira com alunos do primeiro ano de Medicina para ouvir depoimentos sobre o ocorrido e que, após a identificação, vai punir os responsáveis pelos trotes. A punição vai de advertência até expulsão.

O delegado do 5° Distrito Policial, Airton Douglas Honório, diz que o caso está sendo apurado como lesões corporais e que deve ouvir testemunhas ainda nesta semana.

Fonte: Especial para Terra
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