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Polícia

PR: Justiça concede liberdade a suspeitos de estuprar e matar jovem

Pedido foi feito pelo MP após a comprovação de que o grupo confessou o crime após ser torturado por policiais

15 jul 2013 - 16h10
(atualizado às 20h13)
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<p>Os quatro suspeitos afirmaram que confessaram o crime sob tortura</p>
Os quatro suspeitos afirmaram que confessaram o crime sob tortura
Foto: Polícia Civil do Paraná / Divulgação

A juíza da 1ª Vara Criminal de Colombo (PR), Aline Passos, concedeu, na tarde desta segunda-feira, liberdade provisória aos quatro funcionários do parque de diversões presos suspeitos de assassinar Tayná Adriane da Silva, 14 anos. A liberdade dos quatro foi pedida pelo Ministério Público do Estado, que alegou falta de provas para mantê-los detidos, após a comprovação de que eles confessaram o crime sob tortura e de que o sêmen encontrado no corpo da menina não corresponde ao material genético de nenhum deles. Eles já foram soltos.

O pedido de liberdade foi pedido pelo MP na tarde de domingo, em caráter de urgência, mas negado pelo juiz de plantão, que deixou para que a juíza titular analisasse o pedido nesta segunda-feira. De acordo com o MP, não há mais motivos para a privação da liberdade dos acusados, uma vez que eles já foram interrogados várias vezes no inquérito policial e cederam material genético para confronto com evidências. Além disso, os promotores sustentam que os acusados não demonstraram, até o momento, sinais de periculosidade que possam levá-los a praticar novos crimes.

Ainda de acordo com a promotoria, a decisão de requerer a liberdade provisória foi tomada após o último depoimento dos acusados, ocorrido na noite de sábado, 13 de julho, na Secretaria de Segurança Pública do Paraná, e acompanhado integralmente pelo Ministério Público. Durante o interrogatório, os acusados alegaram inocência e afirmaram que foram torturados para confessar o crime. Para os promotores de Justiça, as provas que existem contra os acusados no inquérito, até o momento, não são suficientes para iniciar o processo criminal.

Novo inquérito e novo advogado

O procurador-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Andrey Salmazo Poubel, foi escolhido como o novo advogado dos suspeitos, já que Roberto Rolim de Moura Júnior foi destituído do cargo no último domingo.

Na manhã desta segunda-feira, o promotor Paulo Sergio Markowicz de Lima afirmou que assim que os quatro acusados fossem liberados, o Ministério Público devolveria o inquérito à Polícia Civil para que fosse reaberto, com prazo de 30 dias para a conclusão.

Os acusados já indicaram, por fotos, dez policiais civis, um militar, um guarda municipal, um preso e um delegado que, segundo eles, os teriam torturado. A Secretaria Estadual de Segurança Pública abriu procedimento investigatório e o Ministério Público já prepara pedido de prisão dos policiais envolvidos. 

Tortura é 'fato isolado', diz secretário

O secretário estadual de Segurança Pública do Paraná, Cid Vasques, divulgou nota, nesta segunda-feira, afirmando que toda a investigação do caso da morte de Tayná está sendo refeita e que a Corregedoria da Polícia Civil já instaurou procedimento administrativo para apurar qualquer erro ou distorção na investigação anterior, bem como, um inquérito policial foi aberto para apurar a denúncia de tortura policial sofrida pelos quatro presos acusados pelo crime.

Tayná foi morta no dia 25 de junho, em Colombo (PR)
Tayná foi morta no dia 25 de junho, em Colombo (PR)
Foto: Facebook / Reprodução

Segundo o secretário, "desde que houve a primeira divergência entre um laudo do Instituto de Criminalística (que constatou que o sêmen encontrado no corpo da menina não era de nenhum dos acusados) e a linha de investigação que estava sendo seguida, foi determinado um procedimento administrativo para verificar qualquer irregularidade, distorção ou falha".

Ainda segundo o secretário, assim que apareceram as denúncias de confissão sob tortura, outro procedimento foi aberto pela Corregedoria e, após o depoimento dos presos afirmando terem sofrido tortura, um inquérito policial foi instaurado. "Desta forma, segundo suas orientações, conforme for sendo identificado o policial autor de tortura - por reconhecimento e por outros meios de prova - os culpados devem ter representação pela prisão temporária, a ser feita pela autoridade policial responsável pelas apurações".

A nota reafirma que toda a investigação policial está sendo refeita, sob a responsabilidade de novos delegados e que, "por conta de todas as especulações em torno do caso e para não atrapalhar o andamento das investigações, mais detalhes não serão divulgados no momento".

A Secretaria de Segurança trata, na nota, o caso como "um fato isolado e que não reflete o sério e árduo trabalho de repressão à criminalidade realizado diariamente pelos policiais do Paraná".

Fonte: Especial para Terra
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