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Polícia

PF investiga desvios de R$ 300 mi e apreende carros de luxo de Cavendish

1 out 2013 - 15h16
(atualizado às 17h20)
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A Polícia Federal realizou uma operação nesta terça-feira, em três Estados - Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro -, contra a construtora Delta - que, segundo as investigações, desviou R$ 300 milhões em recursos públicos para 19 empresas de fachada. Agentes da PF apreenderam três carros de luxo do empresário Fernando Cavendish, ex-dono da Delta, na casa onde ele mora, na avenida Delfim Moreira, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro.

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"A princípio, são bens adquiridos com dinheiro ilícito", afirmou o superintendente regional da PF/RJ, delegado Roberto Cordeiro. A Operação Saqueador cumpriu 20 mandados de busca e apreensão em endereços comerciais e residenciais.

Cavendish não estava em casa quando os agentes chegaram. A PF afirmou que, além dos carros, também foram recolhidos R$ 350 mil em dinheiro (em todos os mandados), além de documentos e computadores que poderão ser usados como provas dos desvios de recurso público federal, estadual e municipal.

"Está sendo feito um exame pericial em todo o material coletado, e a investigação está em curso", afirmou o delegado Tacio Muzzi, responsável pela investigação no Rio de Janeiro.

"Já se materializou que a sede social (das empresas de fachada) não é compatível com o montante de recursos ,e os sócios não apresentam o perfil de gente que movimenta tal volume de dinheiro nessas contas. A maior parte das empresas nunca teve funcionário registrado. Tudo isso denota que essas empresas são de papel", completou Muzzi.

Os desvios até agora comprovados ocorreram entre os anos de 2007 e 2012, quando teve início a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional, que investigou a ligação do bicheiro Carlinhos Cachoeira com empresários e políticos. A partir dos dados repassados pela CPI é que ocorreu o aprofundamento das investigações.

Não está descartada a participação de entes públicos, embora o delegado responsável tenha esclarecido que "os mandatos cumpridos hoje não envolvem nenhum político". "A investigação ainda está sendo aprimorada", afirmou Muzzi. A PF estipula um prazo de 30 dias para que o trabalho de perícia do material apreendido seja concluído.

Se comprovado o desvio de dinheiro público, os envolvidos, incluindo o empresário Fernando Cavendish, responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha. À tarde, por meio de nota oficial, a Delta Construções se defendeu das acusações e se colocou à disposição para todo e qualquer esclarecimento:

"A Delta Construções foi surpreendida pela operação policial de busca e apreensão realizada na manhã desta terça-feira (01/10), uma vez que encontra-se em recuperação judicial, homologada em janeiro de 2013 pelo juízo da 5ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Toda movimentação financeira e contábil da empresa é acompanhada e fiscalizada pela Justiça, Ministério Público e administrador judicial Deloitte Touche Tohmatsu.  A Delta afirma que todos os esclarecimentos serão prestados às autoridades competentes, contribuindo de forma plena com a investigação."

Proximidade com Sérgio Cabral

Cavendish também foi tema do noticiário nacional por sua proximidade com o governador Sérgio Cabral, quando a mulher do empresário, Jordana Kfouri, morreu num acidente de helicóptero no litoral sul da Bahia. No mesmo voo, estava a namorada de um dos filhos de Cabral, que também morreu.

O episódio apenas foi o início da apuração da proximidade do poder público estadual com a Delta, detentora de vários contratos com recursos públicos na gestão Cabral. O governador, inclusive, reviu sua postura ao confessar, na época, que já havia usado o transporte aéreo oferecido pela empresa.

Meses depois, imagens de um jantar anterior à tragédia realizado no principado de Monte Carlo em que aparecem o governador e o empresário com suas respectivas esposas vieram a público e terminaram de deixar evidente a proximidade dos dois. A partir desse episódio, junto com a impopular postura do governador diante do caso da greve dos bombeiros, Sérgio Cabral tornou-se o principal alvo das manifestações populares no Rio de Janeiro. Pesquisa nacional do Ibope colocou o peemedebista como o governador mais mal avaliado do País.

Fonte: Terra
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