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Polícia

General Cid utilizou estrutura da Apex em Miami para ir a acampamento golpista

Militar comandava o escritório por indicação de Jair Bolsonaro; registros em vídeo obtidos pelo UOL mostram o general e o diretor de investimentos Michael Rinelli circulando no local

2 abr 2024 - 11h54
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O general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, utilizou recursos do escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Miami para apoiar articulações golpistas e participar de um acampamento no quartel-general do Exército contra a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. A informação é do UOL.

General Cid utilizou estrutura da Apex em Miami para ir a acampamento golpista
General Cid utilizou estrutura da Apex em Miami para ir a acampamento golpista
Foto: Roberto Oliveira / Alerj / Agência Brasil / Perfil Brasil

O general, que comandava o escritório da Apex em Miami por indicação de Jair Bolsonaro, levou um funcionário da agência para o acampamento no QG do Exército, em Brasília, no dia 3 de dezembro de 2022, conforme registros em vídeo obtidos pelo UOL. Nas filmagens, o general Cid e o diretor de investimentos da Apex Miami, Michael Rinelli, aparecem circulando no acampamento.

Eles viajaram de Miami para Brasília no período entre 26 de novembro e 11 de dezembro de 2022, o que gerou um custo de aproximadamente R$ 9.300 aos cofres da agência. Embora a justificativa oficial fosse um evento de confraternização da Apex, o general levou os funcionários sem adiantar que iriam ao acampamento golpista.

A Apex, embora não seja um órgão estatal, é auditada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e tem que prestar contas à corte de contas. O general Cid também é investigado no caso da venda das joias recebidas por Bolsonaro nos Estados Unidos. Seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid, foi preso novamente após suspeitas de omitir informações em seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

General Cid utilizou Apex para articulações golpistas, diz ex-funcionário

O ex-funcionário Cristiano Laux, demitido recentemente do escritório da Apex em Miami enviou uma carta à cúpula do órgão, relatando que o general Cid usou a estrutura da Apex para realizar articulações golpistas com militares.

"Foi de conhecimento de gestores e alguns colaboradores que, no decorrer de 2022, o general Mauro Lourena Cid utilizou o escritório de Miami da Apex como base de articulação junto às lideranças militares nos movimentos antidemocráticos para evitar a posse do presidente Lula e destituição dos outros Poderes. O mesmo afirma em conversas nos corredores e cozinha da Apex que não haveria posse e se mostrava confiante em permanecer no cargo em Miami por um período mais longo, e mostrava seu celular, de propriedade da Apex, para colaboradores, onde continha mensagens e gravações com seus grupos da alta cúpula militar através do aplicativo WhatsApp", afirma Laux na carta.

Segundo o documento, o general teria pedido ajuda aos funcionários para apagar registros dessas atividades após sua demissão, continuando a frequentar o escritório. O documento menciona que Rinelli foi procurado pelo general para apagar dados de seus aparelhos eletrônicos, possivelmente relacionados a tratativas golpistas.

O ex-funcionário também relata várias ocasiões em que testemunhou a presença do general no escritório após sua demissão, inclusive em uma visita acompanhado de seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid. Durante essa visita, os dois se reuniram a portas fechadas na antiga sala do general, sendo notado que tinham uma mala e o tenente-coronel carregava objetos.

Procurada pelo UOL, a defesa do general Cid disse desconhecer o assunto e que não iria se manifestar. Já Rinelli não retornou aos contatos.

Perfil Brasil
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