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Polícia

CTG onde seria celebrado casamento gay é incendiado

11 set 2014 - 10h02
(atualizado às 19h15)
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<p>Ju&iacute;za Carine Labres, idealizadora do casamento coletivo de 29 casais, entre eles um casal gay, no CTG, em Santa do Livramento, RS, realiza uma vistoria no local ap&oacute;s inc&ecirc;ndio na madrugada desta quinta-feira, 11 de setembro</p>
Juíza Carine Labres, idealizadora do casamento coletivo de 29 casais, entre eles um casal gay, no CTG, em Santa do Livramento, RS, realiza uma vistoria no local após incêndio na madrugada desta quinta-feira, 11 de setembro
Foto: Fabian Ribeiro/Raw Image / Frame

O centro de tradições gaúchas (CTG) Sentinelas do Planalto, onde ocorreria um casamento coletivo com a participação de um casal gay no próximo sábado (13), foi incendiado na madrugada desta quinta-feira, em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. Para a polícia civil, a hipótese mais provável é que tenha se tratado de uma ação criminosa.

“Tudo indica que foi um ato de vandalismo, com finalidade criminosa de atemorização para impedir o casamento coletivo que seria realizado no sábado”, afirmou o delegado Eduardo Finn.

Segundo ele, o patrão - responsável pelo local - Gilbert Gisler, o Xepa, já tinha relatado que vinha recebendo ameaças por permitir a realização do casamento gay. “O patrão já tinha relatado ameaças, mas por impedimento legal, até porque as ameaças foram feitas no telefone do patrão, que é vereador, não pudemos fazer a varredura nos telefones para descobrir a origem”, contou o delegado.

As informações foram repassadas, então, para a Brigada Militar, PM local, que foi incumbida pela Justiça de fazer a segurança do local no dia do casamento. “Não imaginamos que isso poderia acontecer antes”, confessou o delegado. 

As investigações estão na fase inicial, mas a polícia já tem informações sobre um veículo e possíveis suspeitos que foram vistos no local. Um segurança particular fazia a segurança, mas não estava trabalhando na madrugada de hoje.

Polêmica

Os CTGs no Rio Grande do Sul são conhecidos como locais de celebração da cultura gaúcha, onde tradicionalistas costumam se reunir. Entretanto, a realização de um casamento homoafetivo no local foi visto como algo demasiadamente progressivo por alguns setores do movimento, gerando protestos e críticas.

Em texto divulgado na página do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) no final de julho, quando a Justiça gaúcha divulgou a realização do casamento, o presidente da entidade, Manoelito Savariz, publicou um texto no qual afirmava que o “casamento entre pessoas do mesmo sexo virou moda e parece a coisa mais natural. Se alguém expressa contrariedade com todas essas coisas, é imediatamente taxado de retrógrado, preconceituoso, estúpido, e assim vai. Parece que o correto é aceitar tudo e de qualquer jeito”, escreveu, para em seguida completar que ficam meio a este turbilhão a “maioria de tradicionalistas que entendem ser errado alterar tão rapidamente e tão profundamente os conceitos tradicionais, como família, casamento e respeito”.

Savariz afirmou ainda que quando surgiu a polêmica em torno de um casamento homoafetivo dentro de um CTG a cerimônia ainda não estava marcada, que não tratava-se de um CTG filiado ao MTG e que não era um assunto de interesse cultural.

“Então, por que a mídia colocou o MTG e seus dirigentes no centro da polêmica? Por que tanto interesse em saber ou descobrir o que pensam os tradicionalistas a respeito do casamento gay? Qual o interesse em caracterizar que a novidade e o ineditismo estão no fato do tal casamento ser realizado no interior de um CTG?”, indagou.

Para alguns tradicionalistas, segundo Savariz, trata-se de um movimento orquestrado de desmoralização do tradicionalismo, ou oportunismo. “Há ainda os que veem nisso tudo um sinal de que o 'mundo está perdido'”.

Ele afirma que não pretende encontrar respostas para seus questionamentos, mas orienta os tradicionalistas a se absterem das críticas, mas completa que “no interior dos galpões e nos ambientes em que se realizam as atividades tradicionalistas, cada um procure se portar segundo o seu gênero, ou seja, os homens tenham posturas masculinas e as mulheres posturas do sexo feminino, tudo segundo a tradição”.

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Fonte: Terra
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