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Polícia

Caso PC Farias: perito contesta suicídio de Suzana por falta de resíduos

Domingos Tochetto diz que falta de traços de pólvora e sangue 'são provas de que ela não empunhou a arma'

9 mai 2013 - 08h56
(atualizado às 10h23)
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<p>O perito Domingos Tochetto usa um revólver para contestar a tese de suicídio de Suzana Marcolino</p>
O perito Domingos Tochetto usa um revólver para contestar a tese de suicídio de Suzana Marcolino
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press

O perito criminal Domingos Tochetto contestou nesta quinta-feira a tese de que Suzana Marcolino teria matado o namorado, o empresário Paulo César Farias, conhecido como PC Farias, e cometido suicídio posteriormente. Tochetto prestou depoimento no julgamento dos quatro policiais militares acusados de envolvimento nos assassinatos, no Fórum de Maceió (AL). "A ausência de resíduos de pólvora nas mãos de Suzana, da falta de sangue nas mãos e na arma dela são provas de que ela não empunhou a arma", afirmou o perito.

Tochetto foi o primeiro a prestar depoimento no júri dos quatro PMs nesta quinta-feira. Ele apresentou imagens em slides para explicar que, quando um revólver é disparado, ele solta resíduos também pela parte de trás. "O revólver é considerado uma arma aberta, porque na hora do tiro sai resíduo pela boca do cano e da parte posterior e anterior do tambor. Por isso que eu pedi o revólver para mostrar aqui. Se Suzana tivesse usado o revólver, ela teria alguma partícula nas mãos", disse.

O perito, então, usou um revólver para demonstrar o movimento que a arma teria feito caso Suzana tivesse atirado contra o próprio peito. "Existe um momento entre o tiro e o movimento de recuo. Se ela estivesse utilizando as duas mãos, seria a força do tiro que afastaria as mãos dela", afirmou Tochetto.

O especialista disse que, se a arma tivesse sido disparada por Suzana a 3 centímetros do corpo dela, haveria traços de pólvora nos polegares e nos indicadores das mãos - mas o laudo só apontou resíduos nas palmas das mãos. O perito também afirmou que o revólver apresentaria marcas de sangue se tivesse sido usada por Suzana a uma distância tão pequena.

O juiz Maurício Breda, da 8ª Vara Criminal, perguntou se é possível que tenha ocorrido suicídio, e o perito disse: "pelos testes que fizemos, a minha resposta seria não, porque não foram identificadas nas mãos de Suzana nenhum partícula contendo chumbo, bário e antimônio". Tochetto também falou sobre a ausência de marcas sangue nas mãos da mulher.

O perito criminal presta depoimento ao júri deste as 8h45 desta manhã. Depois dele, o juiz ouvirá o médico legista Daniel Muñoz, que também defende uma tese diferente da apresentada pela equipe de perícia chefiada por Fortunato Badan Palhares - que afirma que Suzana matou PC e suicidou-se em seguida. A Promotoria alega que o casal foi morto por outras pessoas, com participação ou conivência dos réus, que trabalhavam como seguranças do empresário. Após os relatos técnicos, será iniciado o interrogatório dos réus.

Em seguida, o julgamento passará para a fase dos debates entre acusação e defesa. Segundo a assessoria do Tribunal de Júri de Maceió, onde ocorre o julgamento, o juiz quer concluir o caso até sexta-feira.

Perito dá explicações sobre manchas de sangue na cena do crime:

Estão sendo julgados Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva, policiais militares que trabalhavam como seguranças de PC. Tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, PC Farias era apontado como uma das pessoas mais próximas do então presidente. Ele foi denunciado por sonegação fiscal, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito.

O crime

Os PMs trabalhavam como seguranças de PC Farias e são acusados de homicídio qualificado por omissão. Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram assassinados na madrugada do dia 23 de junho de 1996, em uma casa de praia em Guaxuma. À época, o empresário respondia a vários processos e estava em liberdade condicional. Ele era acusado dos crimes de sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. A morte de PC Farias chegou a ser investigada como queima de arquivo, já que a polícia suspeitou que o ex-tesoureiro poderia revelar nomes de outras pessoas que teriam participação nos mesmos ilícitos.

Entretanto, a primeira versão do caso, que foi apresentada pelo delegado Cícero Torres e pelo legista Badan Palhares, apontou para crime passional. Suzana teria assassinado o namorado e, na sequência, tirado a própria vida. A versão foi contestada pelo médico George Sanguinetti, que descartou tal possibilidade e, mais tarde, novamente questionada por uma equipe de peritos convocados para atuar no caso. Os profissionais forneceram à polícia um contralaudo que comprovaria a impossibilidade, de acordo com a posição dos projéteis, da tese de homicídio seguido de suicídio.

Fonte: Terra
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