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O médico judeu que fugiu do nazismo e está por trás da origem das Paralimpíadas

8 set 2016 - 08h23
(atualizado às 09h13)
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Atletas nos Jogos de Roma em 1960, quando competições para deficientes foram incorporadas
Atletas nos Jogos de Roma em 1960, quando competições para deficientes foram incorporadas
Foto: Press Association Images / BBCBrasil.com

Um médico judeu que escapou da Alemanha nazista está na origem das Paralimpíadas, evento que começa nesta quarta-feira (7) no Rio de Janeiro.

Ludwig Guttmann ajudou a fundar e comandou a divisão de tratamento de lesões de coluna no hospital de Stoke Mandeville, na Grã-Bretanha. Lá, muitos dos pacientes eram ex-combatentes de guerra e Ludwig usou o esporte para mudar suas vidas.

"Nós começamos com ex-soldados, ainda durante a guerra, primeiro com jogos simples, como dardo, sinuca e uma espécie de boliche. Aí vi como aqueles homens reagiam, não apenas fisicamente, mas psicologicamente", disse o alemão naturalizado britânico em imagens de arquivo da BBC. Ele morreu em 1980.

Guttmann promoveu as primeiras competições públicas para deficientes na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres de 1948.

Guttmann comandou a divisão de tratamento de lesões de coluna em hospital britânico
Guttmann comandou a divisão de tratamento de lesões de coluna em hospital britânico
Foto: BBC / BBCBrasil.com

Nos anos 60, essas práticas foram incorporadas aos Jogos Olímpicos. Nasciam, assim, as Paralimpíadas.

'Severo' e carinhoso

O tenista de mesa Philip Lewis, que participou das Paralimpíadas de 1962, disse à BBC que Ludwig era "um tanto severo com sua equipe e com os paraplégicos".

"Mas por trás de tudo havia aquele enorme carinho. Ele fazia você perceber que ele queria o melhor e que você tinha que encontrar um caminho."

Uma das maiores atletas paraolimpícas da Grã-Bretanha, Grey Thompson afirmou, em entrevista à BBC, que os deficientes têm uma dívida com o médico.

Para atleta cadeirante Grey Thompson, deficientes têm uma dívida com Guttmann
Para atleta cadeirante Grey Thompson, deficientes têm uma dívida com Guttmann
Foto: Getty Images

"Ele acreditava que nós deveríamos viver uma vida normal. E foi persistente num tempo em que as pessoas provavelmente imaginavam que ele fosse um tanto louco por acreditar que deficientes poderiam ser ativos."

Paralímpiadas hoje

É a vez do Rio de Janeiro sediar a Paralimpíada, mas os bem-sucedidos Jogos de Londres colocaram um desafio não apenas para o Rio, mas para qualquer cidade que queira receber a competição.

A capital britânica recebeu elogios por realizar um evento de casa cheia e "abraçado" pela mídia local. O britânico Phillip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI), sabia que a tarefa de repetir tal sucesso seria mais difícil no Brasil. Só não imaginava o quanto.

A duas semanas da Cerimônia de Abertura, no Maracanã, o CPI estava fazendo, junto com o comitê organizador da Rio 2016, malabarismos para tentar fazer com que a versão "enxuta" da primeira Paralimpíada na América do Sul não fosse um passo para trás na luta por mais visibilidade e reconhecimento.

Mas com a explosão na venda dos ingressos verificada na reta final para a inauguração do evento, o cenário começou a mudar. E agora, após a bem sucedida cerimônia de abertura, a expectativa passou a ser bem mais otimista.

Jogos Paralímpicos de Londres foram bem-sucedidos e colocaram desafio para o Rio
Jogos Paralímpicos de Londres foram bem-sucedidos e colocaram desafio para o Rio
Foto: Getty Images
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