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MP não descarta mandante em assassinato de Marielle

Os advogados de Lessa e de Queiroz negaram que seus clientes tenham cometido o crime.

12 mar 2019 - 18h11
(atualizado às 18h49)
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A atuação política da vereadora Marielle Franco (PSOL) foi o que motivou o assassinato da parlamentar há cerca de um ano, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, que não descarta a possibilidade de haver um mandante para o crime após a prisão nesta terça-feira de dois suspeitos de executarem Marielle e seu motorista Anderson Gomes.

A denúncia do MP à Justiça contra o policial militar reformado Ronnie Lessa e contra o ex-policial militar Élcio Queiroz aponta que Marielle foi morta por defender minorias. Ambos foram denunciados por homicídio duplamente qualificado.

Homem passa por muro com imagem da vereadora assassinada Marielle Franco no Rio de Janeiro
12/03/2019 REUTERS/Sergio Moraes
Homem passa por muro com imagem da vereadora assassinada Marielle Franco no Rio de Janeiro 12/03/2019 REUTERS/Sergio Moraes
Foto: Reuters

"O crime contra Marielle Franco, segundo as investigações nos autorizam a afirmar, teve uma motivação torpe decorrente de uma repulsa de Ronnie Lessa à atuação política de Marielle na defesa de suas causas, como as voltadas para as minorias, mulheres negras, LGBT e outras causas. Isso ficou suficientemente comprovado", disse a promotora Simone Sibílio.

Os dois presos nesta terça em uma operação conjunta da polícia com o MP do Estado estavam, segundo o MP, no carro de onde partiram os disparos fatais contra Marielle e Anderson Gomes. Lessa e Queiroz foram as peças operacionais da execução, de acordo com os investigadores, que disseram que a segunda fase da apuração foi iniciada nesta terça e busca o mandante do crime.

Os advogados de Lessa e de Queiroz negaram que seus clientes tenham cometido o crime.

A possibilidade de o crime ter sido arquitetado por terceiros ainda não é descartado pelo Ministério Público.

"Essa motivação para o crime é decorrente da atuação política dela na defesa das causas, mas não inviabiliza o possível mando mediante pagamento por promessa de recompensa", avaliou a promotora.

"É possível que tenha mandante? É possível como é possível que não tenha. Mas nenhuma linha é descartada... os possíveis mandantes serão investigados nos autos desmembrados que estão sob sigilo", complementou ela.

A operação deflagrada nessa terça-feira precisou ser antecipado por haver a suspeita do vazamento de sua realização programada inicialmente para essa quarta feira.

A promotora disse que Lessa e Queiroz estavam sendo monitorados há meses e tinham uma ligação próxima. Ambos estiveram juntos no Carnaval hospedados em uma casa de luxo na cidade de Angra dos Reis, no sul do Estado.

Na operação de busca e apreensão realizada nesta terça, um arsenal de armas que, segundo o MP tem relação com Lessa, foi apreendido. Na casa do PM reformado foram encontradas armas. Para o Ministério Público, esses fatos mostram que Lessa "não é uma pessoa de paz".

Lessa mora no mesmo condomínio do presidente Jair Bolsonaro. Investigadores dizem não ter motivo para achar que a família Bolsonaro tem relação com o crime.

O delegado Giniton Lages, que comanda a investigação sobre o assassinato de Marielle, disse que um dos filhos de Bolsonaro namorou uma filha de Lessa. Ele não disse qual filho nem quando o namoro aconteceu.

A Presidência da República não respondeu imediatamente a pedidos de comentários sobre esse relacionamento.

O MP do Rio acrescentou outros citados ao longo das investigações, como o vereador Marcelo Siciliano e o ex PM , Orlando de Curicica, continuarão sendo investigados " Nenhuma linha se descartou por que se trabalhou também com a possibilidade de a ordem ter partido do escritório do crime ou da milícia", finalizou

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