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Tragédia em Santa Maria

RS: laudos confirmam que 234 pessoas morreram por asfixia na Kiss

Para boa parte das vítimas, a morte foi provocada pela inalação de cianeto e de monóxido de carbono

15 mar 2013 - 21h43
(atualizado às 21h54)
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<p>Laudos de necropsia dos corpos de 222 vítimas da Boate Kiss chegam à 1ª DP</p>
Laudos de necropsia dos corpos de 222 vítimas da Boate Kiss chegam à 1ª DP
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

Pouco antes das 16h desta sexta-feira, a coordenadora regional do Instituto Geral de Perícias (IGP) em Santa Maria, a médica legista Maria Ângela Zuchetto, chegou à 1ª Delegacia de Polícia Civil (1ª DP) de Santa Maria (RS) com uma pilha de papéis considerados fundamentais dentro do inquérito que investiga a tragédia na Boate Kiss. Ela carregava 222 autos de necropsia referentes às pessoas que morreram em Santa Maria (RS), em consequência do incêndio na casa noturna.

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As conclusões dos laudos confirmaram o que a Polícia Civil já sabia: todas as vítimas tiveram como causa da morte a asfixia. Os outros 12 laudos de necropsia que já haviam sido entregues mostraram a mesma coisa. Com isso, foram disponibilizados os exames de todas as 234 pessoas que morreram na madrugada do dia 27 de janeiro. Outras sete necropsias, das vítimas que morreram nos hospitais de Porto Alegre, ainda não tiveram os resultados enviados para Santa Maria. 

A médica legista completou dizendo que, para boa parte das vítimas (ela não informou em quantas), a asfixia foi provocada pela inalação de cianeto e de monóxido de carbono. O cianeto é o gás tóxico existente na fumaça emitida pela queima da espuma do revestimento acústico da boate.

Os resultados estão baseados na coleta de sangue e urina feita em 233 vítimas. Apenas em uma pessoa foi feito um exame mais completo, no posto do Departamento Médico Legal (DML) de Santa Maria.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Especial para Terra
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