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Tiroteios deixam três mortos e oito feridos no Rio

Confrontos ocorreram na Vila Kennedy e no Morro da Providência

2 jun 2018 - 15h08
(atualizado às 15h21)
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Três pessoas morreram e oito ficaram feridas em tiroteios ocorridos na Vila Kennedy, na zona oeste do Rio, e no Morro da Providência, no centro, entre a tarde de sexta-feira e a manhã deste sábado, 2. Na Vila Kennedy, disparos contra a Praça Dolomitas, a principal área de lazer da região, deixaram três mortos e seis feridos. A comunidade foi alvo de operações das Forças Armadas em fevereiro e em março, tendo sido considerada um "laboratório" da intervenção federal na segurança do Rio.

A população culpa a PM pelos disparos. A corporação, em nota oficial, informou que houve um tiroteio porque criminosos atacaram uma patrulha da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local. Segundo uma outra versão, homens que estavam dentro de um carro passaram pela praça atirando, havendo revide e posterior chegada da polícia, com mais tiros. Ninguém foi preso.

Dois moradores morreram no local e outro, no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. Uma das vítimas foi identificada como Lanna Mendes. Um dos feridos está internado; os demais não correm risco de vida.

"A polícia atirou numa multidão. Esse é a único espaço cultural de uma comunidade de quase 100 mil moradores, e todo fim de semana tem música ao vivo até de manhã, forró e pagode. Estava muito cheio", lamentou um morador. "A polícia passou, e foram tiros e mais tiros, as pessoas caindo no chão."

O local é muito frequentado, e fica às margens da Avenida Brasil. Na noite de sexta-feira, foi ainda mais procurado, porque recebeu o público de um show que haveria na quadra da escola de samba Unidos da Vila Kennedy, com apresentações de funk e samba - a festa fora embargada pela polícia, relataram moradores.

Eles se ressentem do fato de a rotina de violência não ter sido mudada pela intervenção militar, que, em ações pontuais, reforçou o policiamento feito pela UPP e retirou barricadas instaladas pelo tráfico de drogas para dificultar o acesso das forças de segurança (recolocadas na sequência pelos bandidos).

Um deles fez um desabafo desesperançoso para a reportagem, com a condição de que não teria a identidade divulgada: "Nós fomos enganados por essa discurso da intervenção. A comunidade foi traída. Muitos apoiaram, mas as melhorias não vieram. Usaram a Vila Kennedy como palanque. A intervenção veio, foi embora e nada mudou. A gente continua abandonado. Eles não intervieram em nada, nosso problemas são os mesmos de sempre. Escolas continuam sem professores, as ruas, transbordando esgoto, a UPA e a clínica da família, sem médicos nem medicamentos. O que tem é tiro, todos os dias, o caveirão (blindado da PM) aterrorizando os moradores. E sempre no horário em que as crianças saem dos colégios."

No Morro da Providência, houve dois confrontos na sexta-feira, um de tarde e outro de noite. Duas pessoas ficaram feridas. Os tiroteios assustaram quem passava pela Central do Brasil, terminal ferroviário, rodoviário e metroviário e ponto de grande movimento do centro do Rio, próximo à Providência. O Terminal de ônibus Américo Fontenelle ficou às escuras, assim como parte da favela. Uma pistola foi apreendida. O Batalhão de Operações Especiais está no morro neste sábado, 3.

Estadão
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