Menina de 4 anos morre na escola em dia que comemorava aniversário: ‘Entreguei uma criança feliz e me devolveram um cadáver’
Segundo a família, ainda não foi explicado com detalhes como a menina morreu; seu irmão gêmeo presenciou todo o acidente
Alice Brasil Souza da Paz, de quatro anos de idade, morreu ao sofrer um acidente dentro da escola onde estudava em Teresina, no Piauí, na última terça-feira, 5. No dia, ela e seu irmão gêmeo comemoravam seu aniversário com a turma. Em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira, 7, os pais da menina contaram que seguem sem respostas sobre o que realmente aconteceu. Especula-se que algum objeto tenha caído sobre a menina, provocando a sua morte.
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Os pais de Alice, o major do Exército Claudio Sousa e a fotógrafa Dayana Brasil, descreveram, emocionados, como souberam do falecimento da menina. Alice fez aniversário na segunda-feira, dia 4. Na terça, ela e seu irmão gêmeo comemoraram mais um ano de vida com os colegas de turma, dentro da escola. Por conta da ocasião, os pais da menina até chegaram a ficar um pouco na unidade para tirar fotos e acompanhar os pequenos.
Eles estudavam na Unidade Kennedy do Colégio CEV, em período integral. Por ser uma data especial, Dayana iria buscar os filhos mais cedo – para que abrissem os presentes em casa. Por volta das 12h, ela conta ter conversado com professoras dos seus filhos, comentando que os retiraria antes do horário. Até então, estava tudo bem.
Até que, minutos depois, ela diz que uma das professoras retornou a ligação avisando que aconteceu alguma coisa com Alice, que ela tinha sofrido um acidente e que estava sendo levada para atendimento médico. A mãe da menina diz não ter recebido informações diretas da escola. Ela foi atrás da menina e, após desencontros, foi avisada por essa mesma professora de que sua filha estava em uma UTI móvel, e compartilhou a localização.
Dayana chegou no local, sem respostas. Pouco depois chegou Claudio, o pai da menina. Foi lá que eles descobriram ter perdido a filha. “Foi a cena mais cruel que já vi na minha vida. Não desejo isso pra ninguém, é uma dor que dilacera”, contou a mãe da pequena, na coletiva.
“Eu entreguei uma criança viva, saudável, feliz, e me devolveram um cadáver que eu só podia enterrar”, desabafou Dayana.
O velório da menina aconteceu nesta quarta-feira, dia 6, dia em que seu pai fez aniversário. “Meu presente foi sepultar minha filha. [...] Um dia que eu deveria comemorar mais um ano de vida, tive que enterrar minha filha de 4 anos de idade. Um dia que era para ser de alegria, virou o pior dia de nossas vidas. Jamais sairá de nossas mentes”, afirmou Claudio, abalado.
Além do luto, a preocupação da família é com a saúde mental do irmão gêmeo de Alice – que, segundo eles, presenciou todo o acidente. Colegas de turma da menina também teriam visto a situação de perto. “O que aconteceu não acabou no momento que a Alice nos deixou. Pelo contrário. Começou ali um trauma silencioso que vai acompanhar essas crianças por anos”, disse o pai da garota.
“Nenhum pai e mãe deveria passar por isso. Perdemos nossa filha num local onde ela deveria estar protegida e segura. Não queremos vingança, queremos justiça para que nenhuma outra criança passe pelo que nossa Alice passou”, complementou.
‘Sem explicações concretas’
A escola publicou uma nota de pesar em suas redes sociais na própria terça-feira, dia 5, dia em que a menina morreu. Por conta da tragédia, as atividades do CEV Colégio de Teresina foram suspensas durante esta semana.
“Nos solidarizamos com a família e amigos neste momento de imensa dor, oferecendo todo o nosso apoio e acolhimento. Também estamos disponibilizando suporte psicológico à comunidade escolar”, escreveu a instituição.
Na nota, não há detalhes sobre o que aconteceu. Segundo os pais, até o momento, eles seguem sem respostas. O pai de Alice conta que primeiro a escola disse que um brinquedo caiu em cima dela. “Depois, mudaram as versões. Não recebemos explicações concretas até hoje”, frisou.
O Terra tenta contato com a escola em busca de um posicionamento sobre a situação. O espaço segue aberto e será atualizado em caso de retorno.
A reportagem também acionou a Polícia Civil, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e a Secretaria de Segurança Pública de Piauí para obter mais informações sobre o andamento das investigações, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O texto será atualizado em caso de resposta.