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Mãe que fantasiou menino de escravo apaga post e fecha conta

'Jamais foi minha intenção ofender alguém, estou extremamente arrependida', disse Sabrina Flor, antes de deletar publicações

30 out 2018 - 13h59
(atualizado às 14h47)
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Depois da revolta causada nas redes sociais, a jornalista Sabrina Flor, que mandou o filho para uma festa de Halloween na escola fantasiado de escravo, em Natal, pediu desculpas, excluiu seguidores, fechou sua conta no Instagram e apagou posts. "Queria somente pedir desculpas pelo fato! Jamais foi minha intenção ofender alguém, estou extremamente arrependida por tudo que aconteceu e me sentindo MUITO mal com os xingamentos e ameaças horríveis que estão me mandando. Desculpa a todos, do fundo do meu coração! #paz", escreveu a jornalista na rede social Instagram nesta terça-feira, 30.

Mais cedo, a Promotoria de Justiça de Defesa da Criança e do Adolescente do Ministério Público do Rio Grande do Norte instaurou um procedimento para acompanhar o ocorrido. Em nota, o MP afirmou que o acompanhamento do caso transcorrerá em segredo de Justiça por envolver uma criança, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O Colégio CEI, onde a criança estuda, emitiu nota. "Lamentavelmente, a escolha do traje para a participação do Halloween, feita pela família do aluno, tocou numa ferida histórica do nosso País. Amargamos as sequelas do trágico período da escravidão até os dias de hoje. O Colégio CEI não incentiva nem compactua com qualquer tipo de expressão de racismo ou preconceito, tendo os princípios da inclusão e convivência com a diversidade como norte da nossa prática pedagógica". A escola não impediu a participação do aluno na festa.

Sabrina foi procurada pelo "Estado", mas não respondeu às tentativas de contato telefônico.

O caso ganhou repercussão nacional com a replicação em massa da seguinte postagem feita pela mãe: "Quando seu filho absorve o personagem! Vamos abrasileirar esse negócio! #Escravo". O menino aparece pintado de preto, com maquiagem que imita as escaras provocadas por chicotadas e tem as mãos acorrentadas.

Os comentários que se seguiram à publicação enalteciam a criatividade de Sabrina. Quando as imagens começaram a circular nas redes sociais, centenas de pessoas comentaram a postagem da jornalista chamando-a de "racista e preconceituosa". O cantor Marcelo D2 republicou as imagens e entrou na discussão online. "Quando você pensa que já viu de tudo na vida", escreveu o cantor.

Depois que a postagem do cantor ultrapassou os 2 mil retweets no Instagram, a mãe se manifestou pela mesma rede social. "Não leiam livros de história do Brasil. Eles dizem que existiu escravidão de negros no País, mas isso é mentira. Não discuta com essa afirmação, pois você estará sendo racista, A PIOR PESSOA, um lixo. Só não entendi ainda se o problema foi o a fantasia ou o "17" na foto", escreveu Sabrina.

O professor de História da África da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Amailton Magno de Azevedo, reprovou a atitude da mãe em fantasiar o filho de escravo. Segundo Azevedo, revela uma "mentalidade escravocrata". "O passado histórico ainda persiste no imaginário brasileiro. Temos que combater este tipo de postura, mirar na pluralidade e ter outra narrativa" / COLABOROU Renato Vasconcelos, especial para o Estado

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