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Com greve de ônibus, procura por táxis praticamente dobra em Porto Alegre

Um dos maiores terminais de ônibus do centro da capital gaúcha era ocupado por poucos passageiros que não sabiam da greve dos rodoviários

29 jan 2014 - 12h35
(atualizado às 12h49)
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Taxista João Cardias comemorava o grande número de passageiros que transportou
Taxista João Cardias comemorava o grande número de passageiros que transportou
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra

No terceiro dia de greve, os rodoviários de Porto Alegre (RS) cumpriram a ameaça feita na véspera, de que nenhum ônibus circularia na cidade nesta quarta-feira. A paralisação, que afeta mais de 1 milhão de usuários, provocou congestionamentos nas principais vias da capital gaúcha e dificultou a vida de quem depende do transporte público para ir ao trabalho. A alternativa era apelar para as lotações (micro-ônibus com tarifa mais cara que a dos ônibus) e os táxis, que registraram uma demanda cerca de 80% superior aos dias normais.

"Hoje a gente não para. Está muito bom o movimento. Eu estou aqui dando uma descansada de uns 15 minutos agora, para descansar as pernas, porque eu corri a cidade toda hoje de manhã", afirmou o taxista João Cardias, 50 anos, que teve de interromper a entrevista para atender a uma passageira que acabara de chegar ao ponto na avenida Borges de Medeiros, no centro de Porto Alegre.

Perto dali, o terminal de ônibus da Praça Parobé, um dos mais movimentados da região central da cidade, estava às moscas. Nas paradas de ônibus, apenas poucos passageiros desavisados, oriundos de outras cidades da região metropolitana, aguardavam a chegada dos coletivos que não deixaram as garagens nesta manhã.

"Tem greve, é?", questionou o pedreiro Armando Ponciano, 68 anos, morador de Canoas. Ponciano veio de trem até o Mercado Público de Porto Alegre, de onde pretendia pegar um ônibus até Alvorada, também na região metropolitana. Por sorte, a greve dos rodoviários não afetou as linhas intermunicipais, mas o pedreiro teria de caminhar cerca de 700 metros até um novo terminal. "Se tiver que ir a pé, nós vamos a pé, não tem jeito. Só que eles (rodoviários) querem mais dinheiro, e a gente fica nessa", lamentou.

O estudante Luan Oscar Fleck, 17 anos, não sabia como faria para encontrar a mãe. Morador de Novo Hamburgo, o jovem se mostrou surpreso ao ser informado de que não havia ônibus circulando na capital gaúcha. "Não tem nada mesmo? Não estava sabendo", disse Fleck, antes de pedir indicações à estação mais próxima das lotações.

Queixas dos comerciantes

Localizada ao lado do terminal Parobé, a feira de frutas e verduras registrava pouco movimento. Sob um calor de mais de 30°C, os feirantes reclamavam das perdas, já que muitos produtos estavam estragando no estoque. "Teve uma queda de uns 85% nas vendas, está horrível”, disse o feirante Rodrigo de Oliveira Farias, 31 anos. “Hoje mesmo nós botamos os morangos todos fora, porque estragaram", disse.

No Mercado Público, que normalmente tem grande movimento no horário próximo do meio-dia, era possível caminhar tranquilamente nesta quarta-feira. Dono de uma das bancas no andar térreo, o comerciante Renato Rossatto diz que já estava preparado para o baixo número de clientes. "Eu já estava sabendo da greve, então já comprei do nosso fornecedor em menor quantidade", disse. Questionado sobre a possibilidade de a greve se estender para os próximos dias, Rossatto minimizou o impacto em sua loja: "Como a gente não tem estoque, é mais tranquilo. Quando a gente não vende, a gente não compra, simples assim".

Fonte: Terra
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