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São Paulo testa carro que multa estacionamento irregular

Munido de 6 câmeras, veículo consegue ler 96% das placas; uso ainda exigiria aval do Contran

18 out 2018 - 03h11
(atualizado às 09h17)
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A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo está fazendo testes com um carro que, em movimento e munido de seis câmeras, pode aplicar multas a motoristas de automóveis parados na Zona Azul sem cartão de estacionamento. Por ora, são apenas testes e não há cobrança de multas. Mas a ideia da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes é fazer uma licitação e espalhar esses carros por toda a cidade de São Paulo.

O secretário de Transportes, João Octaviano, afirma que os testes, que começaram em setembro e devem durar mais 45 dias, vêm mostrando que o carro consegue ler as placas de 96% dos veículos - e 7,5% deles poderiam ser multados, pois estavam estacionados irregularmente. "Tem alguns fatores, como sombra, que atrapalham a leitura da placa", explica. Mesmo assim, ele considera os resultados satisfatórios.

Carros transitam na rua da Consolação, na região central de São Paulo
Carros transitam na rua da Consolação, na região central de São Paulo
Foto: Marivaldo Oliveira/Código 19 / Estadão

Os testes estão ocorrendo no Brás, tradicional bairro comercial da zona leste. Ali, o automóvel percorre um conjunto de ruas que somam mil vagas de Zona Azul. Como desde 2016 a emissão do serviço é digital, com créditos vendidos em aplicativos para celular, o trabalho do carro é ler todas as placas de carros parados e conferir os dados, automaticamente, com os cadastros de emissão de Zona Azul - verificando se o carro não está listado como habilitado para usar o sistema. Os dados das placas ainda estão passando por olhos humanos, que validam os resultados.

Com esse modelo de fiscalização, já adotado em outros países, segundo Octaviano, a eficiência seria maior do que o sistema atual, com agentes de trânsito. A ideia é que uma única equipe possa monitorar uma quantidade maior de ruas em menos tempo. Além disso, "os agentes que fiscalizam a Zona Azul são os mais expostos a agressões de motoristas que não concordam em serem multados", segundo o secretário. O controle eletrônico livraria os marronzinhos desses infratores insatisfeitos.

Travas

Para os testes virarem realidade, faltam duas análises: primeiramente, quantificar adequadamente quantos veículos seriam necessários para cobrir todas as vagas de Zona Azul da cidade (são 40,9 mil espaços no Município); e, depois, definir quais seriam as rotas a serem percorridas. A licitação para adquirir os carros depende disso.

Outro fator, mais burocrático, é uma autorização que a companhia precisará obter do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para aplicar multas com o sistema. O órgão, federal, já deu aval neste ano para a CET testar outra tecnologia de ponta, a fiscalização da velocidade média dos carros. Ao fazer o cálculo, ponto a ponto, fica possível flagrar motoristas que pisam no freio apenas quando avistam um radar, mas aceleram acima dos limites longe das máquinas de fiscalização.

"Há muito o que ainda pode ser feito em termos do uso de tecnologia para melhorar a fiscalização do tráfego. Essa tecnologia, nos carros, é muito eficiente", diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito, Silvio Médici.

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