Repórter diz que Bruno, da dupla com Marrone, culpou bebida por fala transfóbica
Lisa Gomes contou que o cantor ligou para ela para pedir desculpas e que ela analisa se medidas judiciais serão tomadas
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A repórter da RedeTV! Lisa Gomes contou que o cantor Bruno, da dupla com Marrone, ligou para ela na segunda-feira, 15, para pedir desculpas e que o artista culpou o consumo de bebida alcoólica por fala considerada transfóbica.
"Quando Bruno me ligou nem esperava. Cuspi tudo que estava engasgado. Disse o quanto estava mal e tive que explicar que a pergunta que ele fez, não se faz a ninguém. Reforcei que a fala dele também foi prejudicial a toda uma comunidade. Eu estava lá a trabalho e expliquei que precisei me medicar com calmantes desde então. Eu tenho problemas seríssimos de aceitação com meu corpo, é um processo. A fala dele me leva para esses lugares que eu trato, despertou memórias antigas", disse Lisa, em entrevista ao jornal Extra.
"Bruno disse que tinha 'bebido umas', estava com 'umas na cabeça'. Disse a ele que por conta da bebida, ele já estava fazendo mal a ele mesmo, ao parceiro de trabalho, outras pessoas que trabalham com ele e me fez mal. Olhe quanto mal está fazendo a bebedeira? Ele tem que escolher o que é melhor para a vida dele. O que eu escolhi para a minha foi não sofrer preconceito", afirmou a repórter.
Lisa também disse que, apesar de ter desculpado o cantor, não quer amizade com Bruno. "Ele me pediu desculpas, eu aceitei. Depois, perguntou se poderíamos ser amigos, neguei. Não sou amiga de transfóbicos e de pessoas que me fazem mal. Também deixei claro que não tinha condições de conversar mais com ele no momento. As pessoas acham que podem brincar conosco, pessoas trans, como faziam antigamente. Mas eu não sou chacota para ninguém."
A jornalista ainda contou que sua equipe de advogados estuda se serão tomadas medidas judiciais, mas que ela gostaria de processar o artista. "Não quero deixar de lado."
Entenda o caso
Na última sexta-feira, 12, o cantor fez uma pergunta transfóbica para a jornalista. O episódio aconteceu antes do show de Bruno e Marrone no Villa Country, em São Paulo.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que o artista pergunta à Lisa se ela "tem pau", segurando as próprias partes íntimas enquanto questionava. A jornalista é uma mulher trans.
Em entrevista ao Terra, Lisa disse que foi exposta de uma maneira que não gostaria. "Esse tipo de informação só diz respeito a mim… Eu não estou bem, ele me fez muito mal. Me colocou num lugar que eu não se explicar", desabafou.
Após a repercussão, na segunda-feira, 15, o cantor sertanejo publicou um vídeo em seu Instagram em que pede perdão a repórter.
"Eu tô aqui pra pedir desculpas para a Lisa Gomes pelo que eu perguntei pra ela. Fui totalmente infantil, fui totalmente inconsequente e eu quero pedir desculpas. Acho que não tem como voltar no tempo e pedir perdão pra ela, tá? Perdão, Lisa Gomes", disse Bruno, por meio de um vídeo.
Após o pedido de desculpas do cantor, Lisa Gomes também usou o seu Instagram para agradecer as mensagens de apoio que recebeu e ressaltar que transfobia é crime.
"Quero agradecer o carinho de vocês, o acolhimento. Senti esse abraço, essa energia positiva de longe, mas eu não posso deixar de falar que foi horrível o que eu passei. Foi horrível o que eu escutei porque me trouxe a um lugar novamente que eu não gostaria. Quando a gente passa por um processo de transição, é um processo muito doloroso, muito difícil, porque eu nunca soube lidar bem com a aceitação do corpo. Tudo isso que vocês já conhecem em relação a mulheres trans. De forma mais clara, que a gente nasce em corpo errado", afirmou.
"Tive meus direitos violados. Me senti invadida, senti a minha intimidade exposta de uma forma que eu não gostaria que fosse. Então, tudo isso me fez muito mal, tudo isso me fez voltar a um lugar que eu não gostaria. Quando vem de um artista tão consagrado e querido do público, porque como cantor eu acho ele sensacional, tem uma voz incrível, mas no mais não tem o que falar. Eu me senti desrespeitada por você, sim, Bruno. Eu não gostaria que você sentisse isso também porque é muito ruim", acrescentou.
"Acho que a retratação maior é reconhecer mesmo que fez não foi legal, machucou, incomodou não só a mim, mas toda uma comunidade, que luta por respeito, espaço no mercado de trabalho. Eu, hoje, sirvo de representatividade para tantas meninas, mulheres transexuais que querem entrar nesse mercado de trabalho. É isso que eu faço", disse também.
A repórter finalizou o vídeo pedindo respeito às mulheres trans. "Transfobia não é opinião, é crime. E vocês precisam estar conscientes disso".
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