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Justiça nega prisão de deputado Lucas Bove, mas o torna réu por violência doméstica contra Cíntia Chagas

Juiz determinou que ele pague R$ 50 mil de multa por violar ordens judiciais, entre elas, mencionar a ex-esposa publicamente

5 nov 2025 - 13h04
(atualizado às 13h35)
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Resumo
A Justiça de São Paulo tornou o deputado Lucas Bove réu por violência doméstica contra sua ex-esposa, Cíntia Chagas, e aplicou multa de R$ 50 mil por descumprimento de medidas judiciais, mas negou o pedido de prisão preventiva.
Cintia Chagas e Lucas Bove
Cintia Chagas e Lucas Bove
Foto: Reprodução/Instagram/@cintiachagass

A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia e tornou réu o deputado estadual Lucas Diez Bove (PL) por violência doméstica, psicológica, ameaça e perseguição contra a ex-esposa Cíntia Chagas

A denúncia feita pelo Ministério Público foi enviada ao juízo no último dia 23 e, após análise, o juiz Felipe Pombo Rodriguez negou o pedido de prisão preventiva. De acordo com a decisão ao qual o Terra teve acesso, apesar da gravidade do descumprimento de medidas judiciais estipuladas à ele, elas “limitam-se ao meio digital, sem notícia recente de aproximação física, ameaça direta atual ou risco imediato à integridade física da vítima”. 

Por isso, o magistrado determinou que o parlamentar pague R$ 50 mil de multa por violar as ordens do Judiciário impostas ao parlamentar, como mencionar a ex-companheira publicamente.

O juiz cita uma publicação recente, na qual Bove cita a influenciadora, na qual diz que Cíntia ignora uma cautelar que a proíbe de falar sobre o assunto. "Ou seja, a militância feminista que alcançou o poder público deixa claro que, se você for mulher: Não precisa cumprir as regras impostas pela justiça", escreveu o deputado. 

A quantia determinada em juízo será revertida em favor da vítima e destinada ao cumprimento das medidas protetivas.

Cíntia Chagas pediu divórcio após suposta agressão de Lucas Boves, diz jornalista
Cíntia Chagas pediu divórcio após suposta agressão de Lucas Boves, diz jornalista
Foto: Reprodução/Instagram

Em nota à reportagem, a defesa de Bove alegou que comprovará que as acusações dirigidas ao seu cliente são falsas e que provará sua inocência (confira a nota na íntegra abaixo). 

Já a defesa de Cíntia, representada pela advogada Gabriela Manssur, afirmou que a decisão representa um “recado firme para aqueles que tentam caluniar e descredibilizar não apenas as vítimas, mas também as mulheres que dedicam sua vida a defendê-las e protegê-las”. 

Denúncia

O parlamentar bolsonarista e Cíntia foram casados por sete meses, e conforme a denúncia do MP, ele utilizava de agressão física para constrangê-la. Ele também monitorava as roupas dela e pedia fotos em viagem a trabalho para comprovar que estava sozinha. 

A Promotoria cita que um relato apontou que o denunciado tinha o hábito de apontar sua arma de fogo para a influenciadora enquanto fumava maconha, como se fosse uma “brincadeira”.

O documento também diz que ele chegou a arremessar uma faca contra a perna da vítima, em uma forma de intimidá-la. O deputado também a ameaçava dizendo que se descobrisse alguma traição “ele a mataria com a arma dele e pediria para o segurança esconder o corpo da vítima”.

As agressões também incluíam puxões e apertões em Cíntia Chagas. A violência psicológica fez com que a vítima passasse a fazer uso de antidepressivo e desenvolvesse Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Ela também relatou queda significativa de cabelo e disse que, por medo, precisou começar a usar veículos blindados, o que restringiu seu direito de ir e vir, já que antes usava veículos de aplicativo.

Conselho da Alesp arquiva representação contra Lucas Bove (PL), acusado de violência doméstica
Conselho da Alesp arquiva representação contra Lucas Bove (PL), acusado de violência doméstica
Foto: Alex Silva/Estadão / Estadão

O que diz a defesa de Lucas Bove

“O Deputado Lucas Diez Bove, através de seus advogados constituídos, esclarece que felizmente o descabido pedido de prisão acabou indeferido, REAFIRMANDO que agora finalmente poderá comprovar a mendacidade das acusações que lhe foram dirigidas, produzindo provas que evidenciem sua inocência, de forma absoluta. 

Não se perca de vista que esse mesmo enredo ocorreu quando a intitulada vítima acusou seu ex-companheiro, o qual acabou inocentado e indenizado porque se constatou que as acusações eram falsas. 

Essa defesa não cansará de ressaltar e não se conformar com o vazamento contínuo de informações a respeito do processo, que possui segredo e sigilo judicial, bem como que a intitulada pseudo vítima, Cintia Maria Chagas, mesmo havendo expressa ordem, continua a desrespeitar e descumprir as suas decisões restritivas, querendo criar suas falsas narrativas”. 

O que diz a defesa de Cíntia Chagas

“O fato de a Justiça acolher as denúncias do Ministério Público e transformar Lucas Bove em réu pelos crimes de crimes de violência psicológica, física, perseguição, ameaça e descumprimento de medidas protetivas contra Cíntia Chagas é um passo fundamental no combate à impunidade e um marco na aplicação da Lei Maria da Penha em sua plenitude, inclusive diante da violência praticada por meios digitais e institucionais. 

Depois de um ano e três meses de muito trabalho, estudo e resistência, a Justiça finalmente prevaleceu. Foi um tempo de dor e coragem, em que cada passo exigiu fé e firmeza para enfrentar não apenas as violências sofridas, mas também o peso do silenciamento, da descredibilização, das perseguições, calúnias e ameaças veladas. 

Durante todo esse período, houve tentativas claras de manipular a opinião pública contra os direitos das mulheres, de distorcer fatos, inverter papéis e transformar a vítima em ré. Mas o tempo e a Justiça colocam tudo em seu lugar. 

Essa decisão também representa um recado firme para aqueles que tentam caluniar e descredibilizar não apenas as vítimas, mas também as mulheres que dedicam sua vida a defendê-las e protegê-las. Porque quando alguém tenta calar uma mulher, atinge todas as que tiveram a coragem de se levantar ao lado dela.

Essa luta é de todas nós; advogadas, profissionais, cidadãs que acreditamos que defender uma mulher é defender todas, independentemente de sua ideologia política, classe social, cor, origem, idade ou religião. 

É nesse instante que o Direito deixa de ser apenas técnico e se torna instrumento de proteção, dignidade e transformação social. Seguimos firmes, com serenidade e propósito, porque toda vitória justa é, antes de tudo, um ato de determinação, de amor pelo que se faz e de fé na Justiça, principalmente em se tratando de direitos das mulheres. 

Meu reconhecimento à coragem e à determinação de Cíntia Chagas, que, mesmo diante de tanto sofrimento, manteve-se firme e confiante. Agradeço profundamente por acreditar no meu trabalho e seguir (quase sempre) as minhas orientações, permitindo que, juntas, transformássemos dor em justiça, não só por ela, mas por todas as mulheres brasileiras”. 

Fonte: Portal Terra
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