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Entenda as polêmicas de debate sobre "pessoas que menstruam"

Assunto virou notícia depois da publicação de uma coluna da filósofa Djamila Ribeiro para o jornal Folha de S. Paulo

5 dez 2022 - 12h44
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"Sendo assim, o termo 'pessoas que menstruam', mesmo com a pretensa ideia de querer incluir, apaga a realidade concreta das mulheres", escreveu Djamila
"Sendo assim, o termo 'pessoas que menstruam', mesmo com a pretensa ideia de querer incluir, apaga a realidade concreta das mulheres", escreveu Djamila
Foto: Reprodução Facebook

Na última quinta-feira (01), a filósofa e colunista da Folha de S. Paulo Djamila Ribeiro publicou no jornal o texto "Nós, mulheres, não somos apenas 'pessoas que menstruam'", abordando a nomenclatura usada por movimentos sociais para se referir a quem biologicamente menstrua, como a maioria das mulheres cisgênero, pessoas intersexo, homens trans e transmasculinos, entre outros. 

No texto Djamila aborda como, historicamente, o movimento feminista negro luta para a visibilização dos recortes identitários dentro do conceito de mulheridade e pontua: "Sendo assim, o termo 'pessoas que menstruam', mesmo com a pretensa ideia de querer incluir, apaga a realidade concreta das mulheres, pois se está criando uma nova categoria universal que não nomeia a materialidade delas".

A opinião considerada polêmica enfrentou críticas por recusar uma terminologia considerada inclusiva e ainda apresentar o trecho que afirma que "Homens trans não são pessoas que gestam e menstruam, são sujeitos políticos".

Foto: Reprodução Folha de São Paulo

No mesmo dia, o também colunista da Folha de S. Paulo, o advogado e professor Thiago Amparo fez uma série de comentários direcionados à Djamila em seu perfil no Twitter. Nas mensagens. ele cita uma série de teorias abordadas pela filósofa, com um interpretação bastante distinta.

"Há de se perguntar se ao reforçar a categoria essencializada - e destilar certo pânico moral de tratar pessoas trans - não se está reforçando a identidade pasteurizada de mulher que o feminismo branco traz; e está ignorando a realidade concreta da transfobia. A quem serve isto?", pergunta ele no fio.  

Já no dia seguinte da publicação, a comunicadora e mestranda Ana Flor usou suas redes para também rebater Djamila. Em um fio no Twitter, fez várias perguntas à autora, chamando atenção para o fato de que o texto original não só promove um ataque a homens trans e transmasculinos, como também não engloba mulheres trans e travestis como mulheres. 

"Não vejo problema algum em questionar o termo 'pessoas que menstruam'. Só fico refletindo: como uma pensadora que trabalha com temas que atravessam a discussão da violência, por qual motivo não propor um espaço de dialogo com os homens trans para discutir essas categorias?. 

Com a continuidade do debate, a doutora em psicanálise Vera Iaconelli resgatou um texto publicado por ela, em agosto, também na Folha entitulado "Para ser mulher tem que ter útero?". Nele, aborda a importância de englobar pessoas trans nos debates feministas. 

"A partir do movimento LGBTQIA +, o chacoalhão vem pelo lado das mulheres trans. Elas nos levaram a questionar se pessoas que não nasceram com útero e se reconhecem como mulheres cabem na pauta feminista," aponta Vera.

Visando elucidar algumas questões a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), uma rede de organização política de pessoas trans publicou uma série de cards de contéudos sobre o tema e lembrou: "Ninguém está sugerindo que o termo seja usado como uma identidade universal".

A publicação ainda sugere alguns caminhos para ampliação do debate, como ler e assimiar conteúdos produzidos por estudiosos e estudiosas de gênero trans.  

Fonte: Redação Nós
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