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“Aquilombadas”, 200 mulheres negras se reúnem para assistir ao filme Malês

O encontro foi promovido pela liderança do Odara Clube do Livro e Vinho, que há dois anos reúne mulheres em São Paulo

20 out 2025 - 07h27
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Resumo
Uma sessão especial do filme Malês reuniu pessoas negras, quase todas mulheres, em um cinema da zona leste de São Paulo, capital. O encontro celebrou história, cultura e pertencimento, uma celebração de “aquilombamento”, ou reunião da coletividade negra.
A ideia começou em grupo de mensagens e acabou reunindo mais de duzentas mulheres para assistirem ao filme Malês, em São Paulo.
A ideia começou em grupo de mensagens e acabou reunindo mais de duzentas mulheres para assistirem ao filme Malês, em São Paulo.
Foto: Arquivo pessoal

Exatamente 207 pessoas negras, quase todas mulheres, se reuniram para assistir ao filme Malês, de Antônio Pitanga, em uma sala de cinema reservada para a manhã de domingo, 19 de outubro, no Shopping Tatuapé, zona leste de São Paulo.

O longa-metragem retrata a Revolta dos Malês, levante de escravizados muçulmanos ocorrido na Bahia em 1835, um dos capítulos mais importantes da história do Brasil. A sessão foi organizada pelo grupo de mulheres negras Odara Clube do Livro e Vinho, que há dois anos se reúne para ler e discutir literatura negra — sempre acompanhadas de um brinde.

Elaine Souza, empreendedora à frente do Batuque na Cozinha, na Vila Ema, zona leste de São Paulo, foi quem puxou o bonde. “Foi pelo filme, pelo contexto histórico e social que ele representa. Na escola, a Revolta dos Malês é mencionada só de passagem. O que somos hoje é resultado da luta dos nossos antepassados. A gente precisa estar aquilombado”, afirma Souza.

Elaine Souza, à direita, reuniu seu grupo de amigas para o cinema, mas a maioria das presentes foram novas amizades.
Elaine Souza, à direita, reuniu seu grupo de amigas para o cinema, mas a maioria das presentes foram novas amizades.
Foto: Arquivo pessoal

Negras e negros aquilombados para ver ao filme Malês

Elaine se emocionou “com um cinema inteiro vibrando com o filme, aplaudindo o filme, rindo com o filme, sentindo a dor dos nossos em um ambiente que é tão nosso. Foi questão de pertencimento a um povo, uma raça, uma história, de estarmos juntos novamente. A nossa força vem do outro”. Apesar do encontro ter sido organizado pelo clube do livro e vinho, a maioria não faz parte do grupo.

É o caso de Rosemary Silva Gonçalves, de Volta Redonda (RJ). Ela costuma vir para São Paulo para “aquilombamentos” e embarcou no convite enviado pelo grupo de WhatsApp. “Eu gostei muito da parte que dá a ideia de família: mesmo escravizados, nós tínhamos família. Eu vejo o filme como uma renovação, um fortalecimento, precisamos estar focados no que nos une”, diz a carioca.

A menção ao “aquilombamento” — reunião da coletividade negra — é recorrente nos depoimentos, como o de Denise Carneiro, 59 anos, moradora da Penha, zona leste de São Paulo. “O que o filme reflete é o nós por nós mesmos, contando nossas histórias, nossa força feminina, a importância do aquilombamento e do conhecimento”, afirma.

O pacote fechado da sala para assistir Malês incluiu refrigerante e pipoca. A emoção das cenas reais e do filme são indescritíveis.
O pacote fechado da sala para assistir Malês incluiu refrigerante e pipoca. A emoção das cenas reais e do filme são indescritíveis.
Foto: Arquivo pessoal

Negras e negros se divertindo, ao invés de trabalhando

Elaine Souza, que organizou o aquilombamento cinematográfico para o filme Malês, “nunca tinha fechado uma sala de cinema. Fui saber, só tinha desconto se fechasse uma sala. Comecei a negociar. Estava em torno de seis, sete mil reais. Conseguimos incluir pipoca e refrigerante. Foi uma boa negociação”.

Foram ocupados 207 dos 215 lugares da sala, quase todos por mulheres. Entre os homens, pelo menos dois nunca tinham ido ao cinema. “Para mim, foi maravilhoso. Que importante essa história ser contada, da maneira como foi. Saí com o coração preenchido. Vou outras vezes”, diz Renato de Brito, 40 anos.

José Luiz Júnior, morador da Vila Prudente, zona leste da capital paulista, também estreante em sala de cinema, observou uma diferença. “Foi a primeira vez que eu vi tantos pretos assistindo um filme, e não tinha nenhum preto, nenhuma preta trabalhando de segurança, na recepção ou de limpeza. Me senti tocado”.

Fonte: Visão do Corre
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