Preços em queda
O preço dos computadores, em dólar, está em queda, mas o equipamento, conforme Meirelles, ainda está longe de se tornar uma commodity, como a televisão e o telefone. O preço médio dos computadores caiu 15% ao ano nos últimos 15 anos. "Em reais essa queda não é equivalente, principalmente em função da desvalorização cambial, mas o preço vem caindo", diz. O problema é o baixo índice de nacionalização das máquinas - a maioria dos componentes é importada.
Em fevereiro de 2002, um computador com processador Intel Celeron de 1.3 GHz, 128 MB de memória e sistema operacional Windows XP, custava entre R$ 1.890 a R$ 2.300 no grande varejo convencional ou online. Hoje, um computador da mesma marca, com configuração semelhante, chega a custar R$ 2.899. Ou seja, um aumento de 53%, enquanto o real desvalorizou 31,53% frente ao dólar no mesmo período. Enquanto isso, o projeto do computador popular de R$ 500, lançado há pouco mais de dois anos, não saiu da prancheta. Alguns protótipos chegaram a ser feitos, mas não foram comercializados, informa o Ministério das Comunicações.
De acordo com dados do Comitê de Democratização da Informática (CDI), com base em um levantamento da Fundação Getúlio Vargas do Rio (FGV/RJ) com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 26,496 milhões de brasileiros têm acesso à Internet de alguma forma, ou seja, 17,7% da população. Conclui-se, com isso, que 149,445 milhões de cidadãos ainda não estão incluídos digitalmente. "A inclusão digital envolve uma mudança cultural e para isso um longo tempo é necessário. Nada é imediato", diz o gerente de tecnologia e de projetos da consultoria Roland Berger & Partners, Alessandro Fontenelle.
Essa realidade foi sentida pela Stefanini com a experiência na comunidade da favela Vila Dalva, na Zona Oeste de São Paulo. A empresa investiu na criação de um centro de profissionalização em informática dentro da favela voltado para atender crianças pobres há 1,5 ano. Com a convivência, o instituto descobriu a necessidade de prestar outros tipos de serviços além da formação profissional. Hoje a entidade oferece também cursos de inglês, português e até de etiqueta além de palestras para melhorar a autoestima dos alunos. Não é só o preço do computador que separa o brasileiro do mundo digital. Há também antigos problemas de educação básica.
Conforme dados levantados pela Roland Berger, a penetração da internet gira em torno de 6% da população, o que dá ao Brasil a 33 posição no ranking mundial. Enquanto isso, a liderança está com o Canadá - país com a população menor que o estado de São Paulo -, com cerca de 50% da população conectada, seguida de perto pela Suécia (49,6%) e Estados Unidos (48,8). No Brasil, São Paulo detém 36% dos usuários, e, em segundo lugar está o Rio de Janeiro, com 15%.