Renovado, 'Devil May Cry' continua um bom "jogo de arcade"
Desde 2010, quando DmC: Devil May Cry foi apresentado na Tokyo Game Show, a reação negativa dos fãs de Dante em relação às mudanças da franquia tem sido uma pedra no sapato da Capcom e do estúdio inglês Ninja Theory. Renovar a série, mudar a cara do protagonista e contar uma nova história não é uma tarefa fácil, principalmente com jogadores tão devotos. Mas DmC: Devil May Cry, lançado na última semana para PS3, Xbox e PC, continua sendo um bom jogo beat ‘em up, no melhor estilo arcade, com inimigos para todos lados. Some-se a pancadaria com gráficos de alto nível e as feras dentro dos fãs ortodoxos devem sossegar, afinal, Dante continua lá, mais rebelde e afobado do que nunca.
Moreno e de cabelo curto (muito diferente dos cabelos descoloridos no ombro), Dante é um jovem rebelde que vive sozinho desde pequeno. A vida lhe ensinou a ser duro e não se importar com os outros. Mas um dia ele recebe em sua porta Kat, uma jovem médium que o avisa para tomar cuidado com os demônios, pois eles estão chegando. Porém, nosso protagonista logo percebe que não está no mundo dos mortais, mas sim no Limbo - meio caminho entre a Terra e o Inferno - e a garota está apenas tentando ajudá-lo a derrotar as bestas. No entanto, ele terá que fazer tudo sozinho: Kat é apenas uma guia entre os dois planos.
No plano humano, quem comanda tudo é Mundus, o rei dos demônios, que se passa por um grande banqueiro detentor da mídia e da política. Mas há quem lute contra os planos de controlar o mundo do maligno vilão: a Ordem. Kat faz parte desse grupo e quer trazer Dante para seu círculo. No fim da primeira missão, o jogador descobre que o chefe da Ordem é Vergil, irmão que Dante nunca soube existir. É no enredo de salvar a humanidade das trevas, bem no estilo Constantine, filme de 2005 com Keanu Reeves, que o novo Devil May Cry se estabelece.
Mas se a história não convence - com dramas existências manjados entre Dante e Vergil -, é a jogabilidade e seus belos cenários que fazem de DmC um jogo capaz de fazer o jogador grudar a bunda no sofá. Com todas as fases se passando no Limbo, o visual chama atenção por mostrar partes de prédios destruídos e outros pedaços se movendo ao redor de Dante. O efeito também funciona como caminho para o personagem, já que é preciso arrastar e puxar blocos para continuar a missão. Além disso, tudo é puxado para o preto e vermelho, dando um ar bucólico e sinistro às fases do jogo. Os monstros também passaram por tratamento de primeira da Ninja Theory, mas mantiveram a fidelidade dos inimigos das antigas versões.
Atrelado ao ambiente, que forma arenas de batalha a cada novo cenário, a jogabilidade de DmC é bem semelhante aos seus antecessores e é claro que os produtores do jogo não quiseram descaracterizá-la. A espada Rebellion, as pistolas e as sequências de combo no ar continuam sendo a parte mais divertida da série, lembrando não só os jogos anteriores, mas o espírito arcade do lendário Streets of Rage. O medidor de estilo - que pontua as melhores sequências de golpes - também faz o jogo mais desafiador. Quanto mais você conhece os combos e se acostuma com os comandos, mais movimentos perfeitos o jogador quer fazer.
Deixando o enredo um pouco de lado e se entregando ao simples prazer de aniquilar os inimigos, DmC: Devil May Cry é um excelente jogo. Mais imaturo e juvenil que nos anteriores, Dante é um personagem fácil de gostar e dar risadas, com algumas boas piadas, como quando um esfregão cai em sua cabeça e o deixa com sua antiga cabeleira. O protagonista olha no espelho, reflete e dá uma piscada, gostando do que vê. Devil May Cry continua coerente em sua unidade e os fãs podem dormir tranquilos. Principalmente depois que a Capcom divulgou que o primeiro DLC do jogo, anunciado para esta terça-feira (29), contém as antigas roupas de Dante.