Jogamos: Legacy of Evil equilibra ação, estratégia e espírito indie nacional
Um shoot’em up de origem brasileira que combina classes de RPG, desafios estratégicos e visual nostálgico
Nascido da criatividade da Uruca Game Studio, Legacy of Evil chega como mais um motivo de orgulho no cenário indie brasileiro. A aventura nos leva a terra amaldiçoada de Stygia, dominada pelo vampiro Conde Dravlo, onde cada fase funciona como um teste de reflexo e paciência.
O jogo aposta em um estilo inspirado nos clássicos shoot ’em up, mas com uma proposta diferenciada: formar uma equipe de heróis baseados nas principais classes de um RPG, onde cada um deles possuem habilidades únicas, e enfrentam hordas de inimigos em cenários que vão de cemitérios até o castelo do vilão. O resultado é uma experiência retrô que, ao mesmo tempo, traz novidades interessantes para quem gosta do gênero.
Uma aventura com ação desenfreada
Em Legacy of Evil, a história se passa na província de Stygia, amaldiçoada após o terrível Conde Dravlo Stradic, outrora um nobre, tornar-se vampiro e lançar suas garras sobre o reino, tramando contra todos os seus habitantes. Com um grupo de heróis corajosos, o objetivo é deter seus planos e devolver a paz àquela terra.
A trama funciona mais como pano de fundo para a jogabilidade, mas ainda rende bons momentos. Há diálogos após a derrota de alguns chefes, o que dá uma sensação de progressão e agrega um pouco a narrativa. Dravlo, mesmo soando como um vilão clichê de fantasia por ser um vampiro, consegue prender a atenção quando aparece, e seus subordinados também roubam a cena.
As missões seguem o padrão de estágios. O jogador começa na base do mapa e precisa avançar até o topo do castelo para enfrentar Dravlo, passando por cemitérios, bosques e pelo próprio castelo, cenário perfeito para um vampiro clássico. A dificuldade cresce de forma gradual, e na parte inferior da tela é possível acompanhar o progresso. Quando um chefe é derrotado, ocorre a transição para um novo cenário, e caso o grupo não esteja completo, esses confrontos se tornam ainda mais desafiadores. Felizmente, o jogo equilibra bem essa curva de dificuldade, que se soma ao charme do visual retrô.
O combate é inspirado no estilo Shoot 'em Up, com ação constante e inimigos que surgem de todos os lados. O elenco traz classes típicas de RPG, como magos, bárbaros, guerreiros e sacerdotes, além de opções interessantes como paladino e bardo.
Na taverna, é preciso escolher um herói para iniciar a jornada. No começo, apenas um estará disponível, mas ao longo das fases outros podem ser encontrados, formando um grupo de até quatro personagens ao lado do líder. Cada herói possui habilidades únicas que enriquecem os combates. O Guerreiro, por exemplo, pode invocar uma espada gigante que corta tudo em sua frente.
A jogabilidade em si é bastante simples, mas alguns inimigos perseguem o jogador e aumentam a dificuldade. O diferencial está no sistema de posicionamento da equipe. Em vez de apenas escolher os heróis antes da fase, é necessário organizá-los de forma estratégica durante a ação, seja mantendo-os próximos ao líder, enfileirados ou lado a lado. Como um único acerto já é suficiente para eliminar cada membro, o posicionamento faz toda a diferença. Se apenas o líder permanecer e for derrotado, ainda existe a chance de continuar, mas ao perder todos os corações, o jogo retorna ao menu inicial e a fase precisa ser reiniciada.
Essa dificuldade pode parecer punitiva, mas o título oferece formas de amenizar o desafio. As moedas obtidas durante a campanha podem ser gastas na loja para aprimorar atributos, como o dano de certos heróis, além de melhorias para serem usados de forma geral entre eles todos, como aumentar a velocidade para correr e o número de corações. Isso torna o progresso mais justo ao longo das várias tentativas necessárias para alcançar o final.
Joguei Legacy of Evil no Steam Deck e a experiência foi excelente. O desempenho se manteve estável, mesmo com muitos inimigos em tela, e o mapeamento dos controles está muito bem-adaptado. Outro ponto positivo é a localização para o português, que torna o título ainda mais acessível para o público brasileiro.
Considerações
Legacy of Evil mostra como a simplicidade pode ser divertida quando bem aplicada. O sistema que transforma cada herói em parte vital da equipe, somado a necessidade de posicionamento estratégico, deixa as batalhas mais tensas e recompensadoras. A dificuldade é alta, mas o uso de moedas para melhorar atributos ajuda a suavizar as tentativas, mantendo o jogador sempre motivado a seguir em frente.
A boa adaptação ao Steam Deck, a jogabilidade estável mesmo em momentos caóticos e a localização em português tornam a experiência ainda mais acessível. Não é apenas um título que resgata o charme retrô, mas também um exemplo de como o cenário nacional pode entregar algo divertido e desafiador.
Legacy of Evil está disponível para PC.