Entrevista: Google Play Indie Games Fund alcança US$ 8 milhões na América Latina
Programa de apoio a estúdios independentes ajuda desenvolvedores a crescerem, criarem novas versões de seus jogos e alcançarem o mundo intei
Desenvolver jogos independentes é uma jornada cheia de paixão, criatividade… e desafios cabeludos. Do financiamento ao marketing, da equipe enxuta à concorrência feroz com gigantes da indústria, todo estúdio indie sabe o quanto cada pixel conta.
É por isso que programas como o Indie Games Fund, do Google Play, fazem tanto barulho — e com razão. Com mais de US$ 8 milhões investidos na América Latina, o fundo está entrando na quarta edição, ajudando desenvolvedores a não apenas manterem suas ideias vivas, mas também a expandi-las, amadurecê-las e, principalmente, colocá-las nas mãos de jogadores do mundo inteiro.
Pra entender melhor o impacto desse programa e o que vem por aí, a gente conversou com Daniel Trócoli (representante do Google Play), que compartilhou os bastidores do IGF, os aprendizados acumulados nas edições anteriores e os sonhos que ainda vêm pela frente.
Game On - O Indie Games Fund está entrando na sua quarta edição na América Latina. O que motivou o Google Play a continuar investindo nesse modelo?
Daniel: Desde o primeiro Indie Games Festival, em 2017, a gente percebeu que só oferecer capacitação não era o suficiente. Muitos desenvolvedores tinham talento e aprendiam rápido, mas esbarravam em dois grandes obstáculos: falta de investimento e alta concorrência por talentos. Era comum ver desenvolvedores dividindo seu tempo entre criar jogos e prestar serviços para sobreviver.
Foi aí que o IGF nasceu: um programa sob medida para a região, focado em dar fôlego financeiro real, visibilidade e estrutura para esses estúdios independentes. E estamos vendo resultados concretos, com estúdios crescendo, criando sequências e entrando até no Play Pass. Então, sim: vale muito continuar investindo nisso.
Game On - E quais são os resultados mais expressivos que vocês já observaram nas edições anteriores?
Daniel: Olha, os resultados são animadores. Vários estúdios já estão no segundo ou terceiro jogo, agora já pensando em mobile desde o início. Jogos como Slash Quest (Big Green Pillow), Árida (Aoca Game Lab) e Super Mombo Quest (Orube Game Studio) passaram fácil da marca de 100 mil downloads, com o último ultrapassando 1 milhão de instalações. E o mais importante: com avaliações altíssimas dos jogadores. Isso, pra gente, é o melhor termômetro de sucesso.
Game On - Quais são os critérios mais importantes para quem quer se inscrever este ano?
Daniel: A empresa precisa ter menos de 50 funcionários e já ter publicado ao menos um jogo — que não precisa ser para Android, mas precisa estar disposto a entrar no Play Pass. Ou seja, queremos apoiar quem já deu os primeiros passos e está pronto para crescer com o suporte certo.
Game On - O Vish Game Studio foi citado como exemplo de transformação. Tem outros casos inspiradores?
Daniel: Com certeza! O Minimol Games, por exemplo, quer levar Chessarama para o mobile como um passo essencial pra crescer. Já o Mad Mimic busca ampliar sua presença no cenário global, aproveitando a parceria com o Google para atingir novos públicos. A ideia é essa: usar o IGF como ponto de virada na trajetória desses estúdios.
Game On - Além da grana, o que o Indie Games Fund realmente transforma nos estúdios?
Daniel: A gente ajuda as empresas a dobrar de tamanho, alcançar sustentabilidade real e desenvolver novos jogos com mais segurança. Mas tem algo ainda mais profundo: o IGF muda a mentalidade. Quando um jogo entra na Play, o estúdio passa a pensar em dados, métricas, retenção. Eles aprendem a crescer não só como criadores, mas como empresas. Isso é poderoso.
Game On - O Brasil é um celeiro de devs indies, mas como anda o restante da América Latina?
Daniel: A região inteira está dando show. O nível de maturidade aumentou muito. Os estúdios estão criando jogos polidos, factíveis com suas realidades e que geram aprendizados reais. Temos exemplos incríveis no México, Argentina e Peru. Um caso recente é o jogo Greak, do México, que foi selecionado no ano passado e já está no Play Pass.
Game On - O IGF está ajudando a reduzir as barreiras entre os talentos latinos e o mercado global?
Daniel: Com certeza! O Google Play está em mais de 190 países. Isso quer dizer que, ao entrar na plataforma, o desenvolvedor já tem acesso a uma audiência global real. O Indie Games Fund é o empurrão que faltava pra muitos estúdios cruzarem essa fronteira.
Game On - O que ainda falta para que mais estúdios latinos alcancem escala global?
Daniel: A gente tem uma direção de arte e design de som incríveis. O que ainda precisa amadurecer mais são três pontos:
Excelência técnica e performance – principalmente no mobile, otimizar para rodar liso faz toda a diferença;
Explorar gêneros com alta retenção, como multiplayer online ou jogos 3D mais complexos;
Evoluir o modelo de negócios – do modelo premium para algo mais próximo de GaaS, com monetização contínua e comunidades ativas.
Mas claro, isso exige tempo, pesquisa e investimento. E é exatamente aí que o Indie Games Fund entra: pra dar esse suporte quando mais importa.
Game On - Pra quem tá conhecendo o IGF agora: qual a principal mensagem?
Daniel: O IGF é uma iniciativa do Google Play pra ajudar estúdios indies promissores da América Latina a crescerem. A gente oferece financiamento, mentoria e visibilidade real. Já apoiamos 30 estúdios, e com essa nova rodada, vamos chegar a 40. Isso significa US$ 8 milhões investidos até agora. E tem muito mais vindo aí.
Conclusão
Se você é desenvolvedor indie e sonha em ver seu jogo no mundo inteiro — não só rodando, mas sendo amado por milhares de pessoas — o Indie Games Fund pode ser o seu atalho mais curto para um futuro gigante.
E pra quem joga e curte apoiar jogos criativos, locais e cheios de identidade: procura esses nomes que passaram pelo IGF. Tem muita coisa boa por aí, com selo de qualidade, suor e muito coração latino.
Continue acompanhando o Game On pra saber quais serão os 10 estúdios escolhidos em 2025.