No dia 19 de maio é comemorado o Dia Mundial da Conscientização sobre a Acessibilidade, data criada em 2012 no intuito de colocar cada vez mais em pauta o debate sobre a implementação de recursos específicos voltados para pessoas com deficiência. Isso também se aplica à indústria de games, que ainda está aprendendo a se adequar e a normalizar recursos voltados para trazer equidade às PCDs nas experiências de jogos.
Por isso, separamos dez títulos diferentes (em ordem alfabética) que trazem os melhores diferenciais no que diz respeito a este tema e, assim, acabar com o mito de que só porque algum título é conceitualmente difícil não significa que ele deva estar restrito a uma pequena parcela de jogadores que consigam acompanhá-lo.
Acessibilidade também é uma questão de hardware, viu?
Antes de começarmos, é válido lembrar que, além dos próprios games, os jogadores que são pessoas com deficiência também estão vendo as suas possibilidades crescerem no que diz respeito ao hardware auxiliar na hora da jogatina. Cresceu o número de empresas que fazem esse tipo de trabalho, como é o caso da Stickless, que desenvolveu verdadeiras placas similares às dos arcades que utilizam apenas botões em layouts personalizados para o usuário, abdicando o uso de alavancas analógicas.
Entretanto, nada se compara aos esforços da Microsoft, que se mostrou como uma das primeiras marcas de grande porte a criar um sistema verdadeiramente inclusivo e de ampla manufatura — ou seja, o jogador não precisaria depender de empresas paralelas personalizando os controles — ao colocar no mercado o seu elogiado Controle Adaptativo, voltado para os jogadores que têm dificuldades de mobilidade e com alta capacidade de personalização e compatibilidade de plataformas.
Assassin’s Creed Valhalla
A despeito de seus conhecidos problemas recorrentes em várias esferas da indústria, a Ubisoft é uma empresa com um trabalho bastante honesto no que diz respeito às configurações de acessibilidade incluídas em seus jogos. Assassin’s Creed Valhalla, por exemplo, traz recursos oculares de rastreamento (também chamado de eye tracking, uma forma de direcionar o olhar do jogador ao elemento em tela que interessa), modo daltônico — bastante presente nos títulos da nossa lista — e remapeamento completo dos controles.
Celeste
Celeste é a prova cabal de que um jogo difícil — e, neste caso, considerado um dos platformers mais desafiantes dos últimos anos — ainda não pode abdicar de recursos de acessibilidade, justificando a “experiência desafiadora” como uma maneira de se eximir da falta de atenção para esse critério.
Como uma forma de atingir todos os públicos, Celeste conta com um modo auxílio que diminui a velocidade do game e, consequentemente, facilita a inserção dos inputs. Por mais que a dificuldade seja um elemento determinante para um game, isso não significa que ele deva ser virtualmente injogável por conta de um game design ruim, não é?
Far Cry 6
Far Cry 6 tem como principal foco narrativo a luta dos guerrilheiros em prol da implementação da democracia na república caribenha de Yara. Trazendo uma mensagem como essa, o acesso ao título também teria de ser democrático e, na prática, isso também se traduziu configurações de acessibilidade como uma forma de ampliar o potencial de público do jogo, trazendo opções diversas e incluindo até mesmo um pequeno menu de teste que mostra, em tempo real, as mudanças efetivas que tais recursos trazem quando ativados.
Forza Horizon 5
Vencedor do prêmio de inovação em acessibilidade do The Game Awards 2021, Forza Horizon 5 permite que um jogador acesse o menu de configurações assim que o game é iniciado, logo no menu, antes mesmo de qualquer tutorial. Além de uma série de recursos considerados padrão, como modo daltônico, ajuste de dificuldade, redução de velocidade de jogo e conversão de texto em fala, Forza Horizon 5 trouxe também o suporte, para os falantes de inglês, às línguas de sinais britânica e estadunidense. Embora a língua brasileira de sinais não tenha sido contemplada, esse tipo de implementação tem que surgir de algum lugar e, quem sabe no futuro, outros idiomas também não sejam contemplados, não é?
Gears 5
Além de inovar com vários periféricos relacionados ao hardware voltado para a acessibilidade, a Microsoft também concentra bons esforços em relação a tais recursos dentro de seus jogos, sendo que Gears 5, o quinto jogo numerado da série Gears of War, é um representante exemplar de como até mesmo os first person shooters, que costumeiramente exigem bastante precisão por parte do jogador, podem se tornar mais abrangentes no que diz respeito a entender as necessidades de seu público, incluindo modos para daltônicos, auxílio de mira, retorno auditivo e outros aspectos que, na prática, apenas colaboram para uma experiência mais inclusiva e equilibrada.
Hades
Hades é um jogo concebido artesanalmente em todos os aspectos possíveis, incluindo seus recursos de acessibilidade. Embora pensado justamente para ser cruel, ele não é feito para ser injusto, oferecendo uma série de recursos para trazer equidade para vários tipos de jogadores e suas respectivas demandas. Isso se reflete na variedade de equipamentos disponíveis, que podem exigir comandos complexos ou simples, fazendo que o jogador decida optar por usar justamente aquele que melhor se adequa às suas necessidades de agilidade e praticidade de inputs.
Hyperdot
Hyperdot é um jogo lançado em 2020 e se destacou justamente por conta da maneira como consegue aliar sua premissa básica de gameplay que envolve basicamente desviar dos ataques na tela com de jogá-lo de várias maneiras diferentes, sendo acessível para os mais diversos públicos por trazer em sua essência tal fator da inclusão. Isso se reverte em mecânicas práticas, que vão desde o suporte ao Xbox Adaptive Controller a até mesmo a possibilidade de se utilizar o movimento dos olhos para controlar os elementos em tela (opção chamada de gaze control). Não à toa que o título recebeu inclusive uma indicação para a categoria de “Inovação em Acessibilidade” no The Game Awards daquele ano.
Ratchet and Clank: Rift Apart
Encabeçando a lista de lançamentos para a nova geração, Ratchet and Clank: Rift Apart serviu como uma forma de apresentar o poderio do PlayStation 5 ao mundo, incluindo também seus recursos de acessibilidade. No título, é possível configurar uma série de opções diferentes, como as opções visuais e efeitos de tela (como o balanço da câmera para quem sofre de motion sickness), remapear os controles ou ainda alterar a velocidade do game.
The Last of Us Part 2
Grande vencedor do The Game Awards 2020, The Last of Us 2 também abocanhou um troféu de inovação em acessibilidade na mesma premiação. Amplamente elogiado já em seu lançamento por conta das diversas opções disponíveis, trata-se de uma experiência concebida justamente para abranger todos os públicos possíveis, incluindo, justamente, pessoas com deficiência. Isso se reflete na inclusão de vários recursos, como modo daltônico, ajuste de mira, reforço auditivo e vibratório, etc. Ao todo, são sessenta elementos diferentes e bastante específicos cujo objetivo é tornar a narrativa interativa da Naughty Dog ainda mais convidativa para todos os públicos possíveis.
World of Warcraft
World of Warcraft é indiscutivelmente um dos jogos mais antigos da lista, mas ele chama a atenção justamente porque a idade de um MMO ainda na ativa não é desculpa para ficar para trás nas tendências do mercado, chegando ao ponto de se atualizar para incluir certos recursos para não ficar para trás de outros nomes do mercado. Para se ter uma ideia, WoW chegou a promover uma atualização voltada para acessibilidade, trazendo recursos que dizem respeito a opções de vídeo, como a implementação de configurações de modo daltônico, transcrição de texto para áudio e outras personalizações que visam o melhor aproveitamento do jogo para aqueles que as necessitam.