Base familiar ajuda Philippe Coutinho a brilhar no Vasco
- Rafael Cavalieri
Todo grande craque tem algum segredo. O de Philippe Coutinho é a base familiar. Criado pelos pais, Zé Carlos e Esmeraldina, e pelos irmãos mais velhos, Leandro e Cristiano, o apoiador mostrou por que craque realmente se faz em casa.
O talento com a bola é natural. Mas, mesmo caminhando para ser estrela, Coutinho tem que escutar até hoje que aprendeu a jogar com os irmãos. Apesar de ambos estarem com mais de 30 anos - Leandro tem 32 e Cristiano 36 -, os dois ainda provocam. Só que agora é do lado de fora.
"Deve fazer uns três anos que a gente não joga mais. Ele perdeu o respeito, parte pra cima da gente com a bola. Aí eu não vou parar ele com falta, né?", provoca Cristiano, que, como Leandro, é advogado.
Coutinho rebate dizendo que o melhor da família é o pai. E a provocação continua, desta vez endereçada a Leandro, que aceitou o desafio de jogar videogame com o irmão e perdeu por 1 a 0. Na concentração, os adversários são Souza e Magno. Em várias oportunidades, o clube escolhido é a Inter de Milão, para onde se transfere em junho. Em casa, escolheu o Real Madrid.
Já o talento com a bola de verdade foi identificado logo cedo, quando Philippe Coutinho deu os primeiros chutes no campinho de cimento do condomínio onde mora até hoje, no Rocha, Zona Norte.
Quando passou a jogar pra valer, Coutinho contava com a estrutura. Os treinos, na maioria das vezes, eram em lugares distantes. Quando nenhum dos irmãos podia levá-lo, a missão sobrava para a mãe, Dona Esmeraldina.
"Ela não dirigia mais. Teve que reaprender para me levar. E quase sempre era longe, eu tinha que ficar atento para ela não errar. Mas drama mesmo era sair e chegar em casa. O condomínio tem muitas ladeiras apertadas. Era um sufoco (risos)", lembrou Coutinho, que terá a companhia dos pais quando se mudar para Milão.
Quem também é citada por Coutinho como parte importante da estrutura é a namorada, Ainê, de 16 anos. Eles se conheceram ainda crianças, chegaram a ficar juntos, terminaram e reataram há pouco mais de um ano. Ela ajuda a esfriar a cabeça do meia após um jogo em que as coisas não foram tão bem.
"Ela é carinhosa, mas, na parte do futebol, é com meu pai e meus irmãos. Sempre analisamos as partidas e os conselhos são muito importantes. Minha família é a base de tudo na minha vida", disse.
Evolução física do garoto chama atenção
A evolução física de Philippe Coutinho é evidente. No ano passado, quando foi promovido aos profissionais, a habilidade chamava a mesma atenção que a fragilidade do jogador diante dos adversários na Série B. Este ano, a história é diferente, e a razão da mudança foi o trabalho desenvolvido pela preparação física e pelo departamento de fisiologia do clube. O resultado: cinco quilos em pouco mais de seis meses.
Coutinho chegou aos profissionais com 64 quilos. Hoje, seu peso é de pouco mais de 69 quilos. Ele mesmo se sente cada vez mais forte.
Segundo o fisiologista Daniel Gonçalves, o trabalho foi desenvolvido após muito estudo. Ele disse que, diferentemente de muitos jovens, a idade biológica de Coutinho é a mesma que a cronológica: 17 anos. Por isso, tudo precisa ser feito com planejamento para não queimar etapas.
"Se fizermos com pressa, ele perde agilidade e compromete sua técnica. Além dos treinos, indicamos alimentação e suplementos. A tendência é até junho ele ganhar ainda mais dois quilos de massa muscular", disse.