Principal líder do elenco são-paulino, Rogério Ceni falou pelos demais jogadores na última conversa com Ney Franco, no CT da Barra Funda, na sexta-feira à tarde. A despeito do atrito público que protagonizaram no ano passado, o goleiro foi elogioso ao treinador demitido.
"Foi uma despedida interessante, legal. Foi bom, para mim, sair ouvindo o Rogério enaltecer meu caráter e meu profissionalismo. Foi muito bom ver principalmente o capitão, que tem história no clube, se posicionar perante o grupo", disse.
Ceni criou polêmica em outubro de 2012 ao sugerir - gesticulando e gritando em direção à beira do campo - a entrada do meia Cícero, em vez de Willian José, durante partida da Copa Sul-Americana. Não atendido, mostrou descontentamento e foi advertido publicamente por Ney Franco. No dia seguinte, o treinador reuniu o grupo e "redefiniu" o papel de cada um dentro do clube.
Aquele não seria seu único problema em um ano de trabalho. Já em 2013, rebateu o vice-presidente de futebol, João Paulo de Jesus Lopes, sobre declaração de que o time tinha tido atuação vergonhosa na Libertadores. Nas semanas seguintes, contornou insatisfações do meia Paulo Henrique Ganso e, depois, do zagueiro Lúcio. Ambas por substituições.
Em junho, parte do elenco não aprovou uma falta de Ney a um treinamento de sábado, com consentimento da direção, logo após revés para o Goiás, quando disse não ser o problema pelos tropeços da equipe. Em discurso semelhante, na última quarta-feira, defendeu-se das críticas pela derrota para o Corinthians alegando que não poderia ir a campo dar passe.
Questionado sobre os episódios, Ney Franco disse que muito do que se noticiou no decorrer de seu trabalho era mentira. "A gente até conversou sobre isso. Foi coisa de informante errado, e no grupo sempre tem dois ou três jogadores insatisfeitos. Qualquer probleminha, voltavam à história do Rogério", analisou, negando, por fim, mau relacionamento com Ganso.
"Ele é um baita de um jogador e tem tudo para dar certo no São Paulo. No início, porque a lesão dele foi séria, precisava de um tempo de recuperação. Quando voltou, citei que ele estava abaixo fisicamente. Hoje, não. Está no mesmo plano físico de todos os jogadores. Falta realmente adaptação dele dentro de campo, com os outros jogadores, para que possa evoluir", concluiu.
Improvisos, eliminações e Douglas; veja 7 erros de Ney Franco no São Paulo
Durou um ano a trajetória de Ney Franco no comando do São Paulo. Em 2012, o técnico conseguiu bons resultados no Campeonato Brasileiro e o título na Copa Sul-Americana. Na atual temporada, colecionou eliminações e fracassos: Campeonato Paulista, Copa Libertadores e derrota na primeira partida da Recopa Sul-Americana. O resultado foi a demissão do treinador. Relembre a seguir sete erros que foram fundamentais para o fim do trabalho de Ney Franco no São Paulo.
Foto: Bruno Santos / Terra
Substituto de Lucas O melhor momento de Ney Franco no comando do São Paulo ocorreu no final de 2012, quando tinha em Lucas seu principal jogador. Negociado com o PSG, o jogador deixou o Morumbi ao final daquela temporada. Desde então, o treinador não conseguiu se acertar em relação a seu substituto no elenco. O técnico escalou jogadores como Aloísio, Jadson, Cañete, Douglas, Wallyson, Lucas Evangelista e Silvinho na posição, mas sem nunca conseguir bons resultados.
Foto: Tom Dib / Agência Lance
Jadson e Ganso O São Paulo já contava com Jadson, mas apostou alto na contratação de Paulo Henrique Ganso. Contando com dois talentosos meias no elenco, Ney Franco na maior parte das vezes escalou a dupla ao mesmo tempo no time, só que não conseguiu tirar o melhor dos jogadores.
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press
Defesa inconstante O São Paulo terminou 2012 com a defesa sólida, sofrendo somente 13 gols no segundo turno do Campeonato Brasileiro - o melhor desempenho no returno. O início da temporada viu o fim da constante linha formada por Paulo Miranda, Rafael Tolói, Rhodolfo e Cortez. A chegada de Lúcio fez com que a dupla central fosse desfeita. Além disso, problemas físicos e técnicos obrigaram Ney Franco a alterar constantemente o setor. As laterais também sofreram constantes alterações e não veem titulares absolutos. O técnico não conseguiu achar uma solução e, em sua última partida, formou a defesa com Douglas, Lúcio, Rafael Tolói e Juan.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Improvisações Em 2013, com alguns jogadores vivendo fase complicada, Ney Franco passou a optar por improvisações. As laterais e as pontas foram os setores que mais passaram por esta questão. O volante Rodrigo Caio, por exemplo, foi bastante usado na direita. Já Paulo Miranda, bem sucedido neste local em 2012, não conseguiu repetir a performance. Esta situação incomodou a diretoria, que decretou o fim dos improvisos depois da eliminação na Libertadores.
Foto: Sergio Barzaghi / Gazeta Press
Douglas Lateral direito revelado pelo Goiás, Douglas ganhou as graças de Ney Franco. Apesar de bastante criticado pela torcida, o treinador apostou forte no jogador, que atuou em sua posição natural, mas também como meia armador e ponta direita. A confiança de Ney em Douglas chegou a virar piada entre os torcedores são-paulinos.
Foto: Facebook / Reprodução
Falta de sintonia com elenco Ney Franco buscou manter o controle sobre o grupo e sua posição como técnico. Para isso, em declarações à imprensa bateu de frente até mesmo com Rogério Ceni. Nestes casos, entretanto, demonstrou não estar em sintonia com o elenco. Após a derrota para o Corinthians na primeira partida da Recopa Sul-Americana, chegou a dizer que não era ele quem "errava passes". No dia seguinte, o atacante Aloísio deu sua resposta: "eu acho que é 50 a 50. Estamos no mesmo barco. Se afundar, vai afundar com todos juntos. Se navegar, vai navegar com todos juntos. Não tem essa de colocar a responsabilidade em cada um, a responsabilidade é de todos".
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Antipatia da torcida Mesmo com o bom desempenho no Campeonato Brasileiro de 2012 e com o título da Copa Sul-Americana do mesmo ano, Ney Franco nunca gozou de apoio pleno da torcida são-paulina. No Morumbi, o apoio ao treinador era frágil, e não era difícil ouvir gritos contra o comandante em caso de derrota ou jogo fraco. Com isso, o nome de Muricy Ramalho, que foi demitido do Santos, passou a ser gritado nas arquibancadas do estádio do clube tricolor.
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press
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