Conselheiros do São Paulo pedem a renúncia imediata de Julio Casares da presidência
Mandato do presidente do clube paulista vai até o fim da temporada de 2026
Um grupo de conselheiros da oposição do São Paulo quer o impeachment do presidente Julio Casares do cargo. Membros do Conselho Deliberativo enviaram uma manifestação ao mandatário nesta sexta-feira, 28, exigindo "renúncia imediata".
O documento tem 41 signatários. A manifestação foi produzida por dois grupos políticos de oposição, mas dissidentes de outros movimentos apoiam o pedido de renúncia informalmente.
O Conselho é composto por 252 membros, sendo 100 eleitos e 152 vitalícios. Considerando os indivíduos que apoiam a renúncia de maneira informal, 160 conselheiros estão a favor da saída de Julio Casares do cargo.
"A presente solicitação se fundamenta em sucessivos episódios que, ao longo de sua gestão, comprometeram gravemente a estabilidade institucional, financeira e esportiva da entidade. Os recorrentes déficits anuais, produzidos em grande parte pelo descontrole absoluto das despesas — especialmente no departamento de futebol — configuram, em diversas ocasiões, situações enquadráveis como gestão temerária", diz trecho do documento.
"A consequência direta desses desequilíbrios foi o aumento exponencial do endividamento, levando o clube à beira de uma condição insustentável. No campo esportivo, os resultados apresentados estão muito aquém do que se esperaria de um clube com a grandeza do São Paulo Futebol Clube, sobretudo diante dos vultosos investimentos realizados", afirmam os conselheiros da oposição.
A atitude dos opositores ocorre um dia depois da goleada sofrida pelo São Paulo por 6 a 0 para o Fluminense, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro.
Nesta sexta-feira, 28, o clube paulista anunciou que Carlos Belmonte, Nelson Marques Ferreira e Fernando Bracalle Ambrogi não fazem mais parte do departamento de futebol.
Veja a manifestação dos conselheiros da oposição:
"A/C Presidente Julio Cesar Casares,
Viemos publicamente, na qualidade de Conselheiros Deliberativos e no estrito cumprimento de nossas responsabilidades estatutárias, requerer que Vossa Senhoria apresente renúncia imediata ao cargo de Presidente da Diretoria do São Paulo Futebol Clube.
A presente solicitação se fundamenta em sucessivos episódios que, ao longo de sua gestão, comprometeram gravemente a estabilidade institucional, financeira e esportiva da entidade. Os recorrentes déficits anuais, produzidos em grande parte pelo descontrole absoluto das despesas — especialmente no departamento de futebol — configuram, em diversas ocasiões, situações enquadráveis como gestão temerária nos termos do Artigo 25 da Lei n. 13.155 (Lei do Profut). Tal realidade foi objeto de alerta reiterado por vários dos conselheiros que subscrevem este documento. A consequência direta desses desequilíbrios foi o aumento exponencial do endividamento, levando o clube à beira de uma condição insustentável.
No campo esportivo, os resultados apresentados estão muito aquém do que se esperaria de um clube com a grandeza do São Paulo Futebol Clube, sobretudo diante dos vultosos investimentos realizados. A discrepância entre gastos e desempenho foi refletida na quase ausência de conquistas relevantes e em campanhas incompatíveis com nossa história, além de ter exposto de maneira incontornável a incapacidade de planejamento e execução da atual gestão. A sucessão de equívocos, somada à incapacidade de construir um projeto coerente, tornou-se fator central do declínio competitivo que hoje testemunhamos.
Paralelamente, a condução política da instituição sofreu retrocessos graves. As reiteradas tentativas de promover mudanças estatutárias com nítido propósito casuísta de centralização de poder e a perseguição sistematizada de conselheiros e associados que expressam posições divergentes ferem princípios essenciais de governança, pluralidade e transparência. Tais práticas não apenas enfraquecem a estrutura democrática do clube, como destroem a confiança interna e afastam vozes indispensáveis à tomada de decisões equilibradas.
Por fim, a gota d'água: a intenção de negociar Cotia em condições tão desvantajosas que nem sequer houve disposição para levar o tema ao Conselho Deliberativo, mesmo após ele ser aprovado pelo Conselho de Administração. Soma-se a isso a goleada humilhante sofrida ontem, encerrando mais uma temporada sem troféus, em que a única meta restante é buscar uma vaga na Libertadores pela porta dos fundos.
Diante deste conjunto de fatores, resta evidente que a continuidade de Vossa Senhoria no cargo se tornou incompatível com os melhores interesses do São Paulo Futebol Clube. Por essas razões, solicitamos formalmente a renúncia imediata, de modo a permitir que o clube inicie, com urgência, um processo de reconstrução".