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Na final de torneio, peão retorna do hospital e leva título

20 set 2012 - 16h44
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Elton Cide é um peão de vida simples e que adora contar uma boa história. Aos 32 anos, já venceu o campeonato brasileiro de montaria em touros da PBR (Professional Bull Riders), em 2010, quando se machucou e, ainda no hospital, decidiu voltar à arena para disputar a última etapa. Montou em duas finais do mundial de Las Vegas, nos Estados Unidos, e pretende voltar ao país neste ano para brigar pelo título internacional. Ao Terra, falou sobre momentos inesquecíveis da carreira nos rodeios.

Elton Cide, campeão brasileiro de montaria em touros de 2010
Elton Cide, campeão brasileiro de montaria em touros de 2010
Foto: Andre Silva / Divulgação


Terra: O que o motivou a seguir a carreira de peão de rodeio?
Elton Cide:

Comecei a montar com 16 anos na fazenda de um amigo, brincando na doma de cavalo. Para nós era a maior delícia montar em um cavalo xucro (difícil de domar). Esse meu amigo (Marco Antônio) falava que um dia eu ia ganhar carro de prêmio no rodeio e que ele queria 10% de tudo. Nunca ganhei nenhum carro (risos).



Terra: Mas e quanto à motivação?
EC:

Tinha um companheiro na minha cidade (Populina-SP) que ganhava um monte de prêmio. Chegava na cidade com carro zero quilômetro e motos. Pensei: um dia eu vou ser igual a ele.



Terra: Aprendeu a montar sozinho?
EC:

No começo, sim. Depois um amigo competidor (Aviner Arco da Silva) deu algumas coordenadas de como parar em cima do touro. Comecei a montar profissionalmente aos 22 anos.



Terra: Como você enfrenta o medo nessas horas?
EC:

Quando você lida com o animal no cotidiano a gente ganha confiança. Para tirar o leite de uma vaca você precisa amansá-la primeiro. Com o boi é a mesma coisa. Quando você começa a montar, aprender a superar seus limites. Hoje eu já tenho o medo controlado.



Terra: Por que seu apelido é "complicado"?
EC:

Porque eu paro (permanece oito segundos em cima do animal) em alguns touros complicados, por exemplo, o Praieiro, da Cia 3B. Em uma competição, ele quase matou um amigo e eu tinha de enfrentar a fera logo em seguida. Coloquei o capacete e disse "seja o que Deus quiser". Do outro lado do brete, o Bentinho (dono do animal), estava segurando um copo de uísque e dizendo que a fivela era dele (a PBR, Professional Bull Riders, premia com dinheiro e uma fivela o melhor touro do ano). Venci a fera. Terminei a prova saindo do touro como se estivesse chegando de pára-quedas, caindo em pé. Ele não acreditou. Jogou o copo para cima e foi embora (risos).



Terra: Esse foi o touro mais complicado que enfrentou?
EC:

O Agressivo (Cia. Paulo Emílio) foi complicado. Quase parei em cima dele. O maior tempo de parada é meu, fiquei 7,3 segundos e pensei que tinha ganhado. Fiquei comemorando na arena e até ataquei o meu chapéu para cima (o animal está invicto nesta temporada).



Terra: Já sofreu muitos acidentes na arena?
EC:

Sou o cara que mais se acidenta e que se recupera mais rápido. Na final do campeonato brasileiro (2010), em Campo Grande (MT), levei uma pancada na cabeça do touro quando fui descer e desmaiei. Acordei ainda na arena e ouvi o locutor falar que meu adversário estava na minha frente. Pensei: "Acabou tudo!". O pessoal da minha cidade viu a cena pela TV e foi para Campo Grande me incentivar. No hospital, acordei às 4 horas da manhã e disse para meu amigo que estava bem para montar no dia seguinte. Voltei e fui campeão.



Terra: Como foi a comemoração?
EC:

Eu voltei "voando" para minha cidade. Até esqueci a mulher (ex-esposa) lá em Campo Grande (ela voltou de ônibus com a caravana). Cheguei em casa, tomei um café na padaria e fui dormir. Quando acordei, tava todo mundo no portão da minha casa, até o prefeito. Colocaram-me em cima de um caminhão e saímos pela cidade com um locutor anunciando o meu título. Depois fizemos um churrasco para comemorar. Teve gente que ficou brava comigo achando que eu não tinha convidado mas, na verdade, eu era o convidado, eles tinham organizado a festa para mim.



Terra: Você conhecia o pessoal que estava na sua festa?
EC:

Estava cheio de gente, a maioria eu não conhecia. Tiramos uma foto. Está lá no Facebook.



Terra: Quem é seu ídolo no esporte?
EC:

Tenho vários ídolos, mas o que eu mais gosto é Rogério Ferreira, um dos ícones do rodeio. O apelido dele é pantera porque ela agarra no touro e não solta mais. Ficou sete meses sem cair dos bois aqui no Brasil.



Terra: Qual seu objetivo para a reta final do campeonato nacional?
EC:

Eu quero parar em um touro invicto, ganhar dinheiro e disputar a final do mundial nos Estados Unidos (são necessários acumular US$ 100 mil para se classificar entre os 40 melhores peões do mundo). Minha meta este ano é fazer mais dinheiro para disputar a final.

Fonte: PrimaPagina
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