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Contando com a sorte, Suécia aposta na defesa para repetir feito de 1994

Falta de criatividade e força do setor ofensivo impõem ainda mais pressão na defesa, que foi responsável por três dos cinco gols marcados pela Suécia na fase de grupos da Copa

2 jul 2018 - 06h16
(atualizado em 3/7/2018 às 13h39)
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Episódios polêmicos marcam a participação da seleção sueca nesta Copa do Mundo. Na última semana, o meia Jimmy Durmaz recebeu ofensas racistas por ter causado a falta que culminou no gol da derrota por 2 a 1 para a Alemanha, nos acréscimos da partida válida pela segunda rodada da fase de grupos e os ataques não foram deixados de lado pela delegação, que protestou contra a xenofobia.

Suécia aposta no sistema defensivo para surpreender no mata-mata do Mundial (Foto: JORGE GUERRERO / AFP)
Suécia aposta no sistema defensivo para surpreender no mata-mata do Mundial (Foto: JORGE GUERRERO / AFP)
Foto: Lance!

Agora, é o estilo de jogo da equipe está no centro dos debates. O ataque ainda não se destacou no Mundial. Entretanto, a atuação dos comandados de Jan Andersson, principalmente na defesa, foi o diferencial para que a equipe avançasse às oitavas de final como líder do Grupo F, já que o setor ofensivo encontrou dificuldade para avançar nos três jogos, contra Coreia do Sul, Alemanha e México. Para continuar trilhando o caminho para realizar a melhor participação país no torneio, a produtividade do setor, que tem como principais nomes Victor Lindelöf e o capitão Andreas Granqvist, autor de dois gols, deve ser estimulada e mantida.

Hora de repetir a campanha de 1994

A última vez que a Suécia chegou perto do título foi em 1994. Naquela época, o técnico Tommy Svensson ficou insatisfeito com a participação fraca da equipe, que nem chegou a pontuar na Copa do Mundo de 1990, realizada na Itália, e reformulou o time para a disputa nos Estados Unidos quatro anos depois. Analisando o potencial do elenco, o treinador manteve os craques de 90 e convocou os memoráveis Larsson, Dahlin e Kennet Anderson, além dos mais experientes Ravelli, Patrik Andersson, Schwarz, Nilsson, Ljung, Thern e o craque Brolin para a disputa das Eliminatórias.

No Grupo da Suécia, também estavam uma decadente França, a Bulgária mais forte já vista em Copas, além de Áustria, Finlândia e Israel. Superior, os nórdicos emendaram três vitórias consecutivas logo na estreia, contra Filândia (1 a 0), Bulgária (2 a 0) e Israel (3 a 1), mas encontraram algumas pedras no caminhos, como a derrota por 2 a 1 para a França e os empates também com a França, Bulgária e Áustria. Entretanto, a classificação veio com os suecos na liderança do Grupo 6, com o saldo de seis vitórias, três empates e uma derrota em dez jogos disputados.

No período, além de contar com uma forte defesa, a seleção sueca tinha um bom setor ofensivo, encabeçado pelo versátil atacante Brolin, que ganhou a admiração da torcida com um futebol rápido, envolvente e criativo. Natural de Hudicsovaldo, Brolin atuava no italiano Parma no período e passou a ser considerado o jogador mais importante da seleção sueca, seguindo pelos atacantes Kennet Anderson e Martin Dahlin. Com a camisa amarela e azul, o jogador marcou 26 gols entre 90 e 94, sendo três deles na Copa de 94.

A boa campanha da seleção sueca classificou a equipe em segundo lugar na fase de grupos, (atrás do Brasil) com cinco pontos conquistados através do empate em 2 a 2 com Camarões, na vitória por 3 a 1 sobre a Rússia e em novo empate, desta vez com a Seleção Canarinho, em 1 a 1, pela rodada final. Nas oitavas de final, a Suécia passou com facilidade pela Arábia Saudita (3 a 1), já nas quartas de final, decidiu nos pênaltis contra a Romênia (2(4)x(5)2) e se classificou para as semifinais, mas acabou engolida pelo Brasil, com derrota por 1 a 0 e se despediu da disputa na terceira colocação, ao vencer a Bulgária por 4 a 0.

Defesa forte vira estímulo para 2018

Assim como em 2018, o setor defensivo da Suécia livrou a equipe de uma eliminação precoce em 1994. Naquela época, o time tinha o irreverente Thomas Ravelli, um dos maiores goleiros da história do futebol europeu e de seu país e também o jogador que mais vestiu a camisa da seleção sueca, com 143 partidas entre 1981 e 1997. Além do goleiro, outro nome que se tornou o primordial na defesa foi o do zagueiro Patrik Andersson, um dos mais notáveis defensores da Suécia no início dos anos 90 e dupla de Björklund.

Dono de um bom domínio de bola e também da eficiência em jogadas aéreas, Patrik é lembrado ainda nos dias atuais pelo lance no confronto pelas oitavas de final contra o Brasil, quando após falha da marcação, Romário driblou até Ravelli e chutou para o gol, mas o zagueiro de 1,85m de altura salvou em cima da linha. Seu bom trabalho rendeu a titularidade na Copa do Japão, em 2002, ano em que a Suécia caiu nas oitavas de final ao perder por 2 a 1 para Senegal, que disputava seu primeiro Mundial.

Suécia volta ao Mundial querendo surpreender

A última Copa disputada pela Suécia havia sido em 2006, quando a equipe foi eliminada nas oitavas de final com derrota por 2 a 0 para a Alemanha. Após 12 anos longe do torneio, a Suécia retornou à disputa, mas não foi tão simples quanto em 1994. Depois de vencer seis jogos, empatar um e perder três pelas Eliminatórias Europeias, a seleção só se classificou para a fase de grupos porque bateu a Itália por 1 a 0 na repescagem.

Apesar de não contar com um forte setor ofensivo, o time comandado por Jan Andersson aposta na qualidade, força física e estatura dos jogadores da defesa, que curiosamente foram os responsáveis pelas duas vitórias da equipe na fase de grupos. Na primeira rodada, contra a Coreia do Sul, o zagueiro Granqvist (1,92m), foi o autor do gol da vitória sueca por 1 a 0. Na terceira rodada, contra o México, o lateral Edson Álvarez deu uma forcinha com gol contra, mas novamente gols de Granqvist e, desta vez, do lateral esquerdo Augustinsson (1,81m), foram os responsáveis pelo triunfo por 3 a 0. O único tento marcado por um atleta da linha de frente foi o gol do atacante Toivonen (1,92m), na derrota por 2 a 1 para a Alemanha.

Mas, mesmo com toda a dedicação dos jogadores, a imprensa cobra um desempenho melhor. Entretanto, o que deveria aumentar a pressão da equipe é respondido de forma neutra nas coletivas de imprensa. Defensor do Manchester United, Lindelöf nasceu durante a final da Copa de 1994 e agora tem a oportunidade de ajudar seu país a avançar à próxima fase. Apesar da pressão da mídia inglesa e local, ele afirmou que tem que aproveitar o momento para fazer uma grande apresentação pela seleção de seu país.

- Eu sonhei com isso (disputar um Mundial) durante toda a minha vida, ter a chance de representar a Suécia em uma Copa do Mundo. Estou orgulhoso por ter conseguido. Acho que todo jogador de futebol sonha em jogar um Mundial. Então, vou tentar aproveitar esse momento - completou Lindelöf.

O time já mostrou que é bom pelo alto, mas não tem grandes opções para reforçar o setor ofensivo. Por conta disso, a aposta é no fechamento da defesa atrás e também nos contra-ataques, que já deram resultado na fase de grupos. Contra a Suíça, que até aqui mostrou que tem um ataque produtivo, com cinco gols marcados na fase de grupos, o ponto positivo para a Suécia é que o sistema defensivo dos rivais não tem mostrado grande eficiência. Em cada jogo que disputou, a Suíça levou pelo menos um gol, fechando a classificação para as oitavas com o saldo de quatro gols sofridos contra apenas dois da Suécia.

Na terça-feira, o técnico Jan Andersson será obrigado a mexer na equipe. Sem Sebastian Larsson, suspenso pelo acúmulo de cartões amarelos, Gustav Svensson deve ganhar uma oportunidade no time. Nesta segunda-feira, o treinador vai realizar os últimos ajustes na seleção sueca. Por enquanto, até Svensson aposta na Suíça como favorita a passar das oitavas de final, deixando a Suécia como o "azarão" da fase. Mas se depender das expectativas do meia, não será fácil superar seu país, que vem treinando intensamente, mas chega contando com um pouco de sorte.

- Somos um time que trabalha muito duro, e gostamos de nos manter em nosso estilo tático. Isso significa que precisamos de um pouco de sorte às vezes. Não criamos chances em abundância, precisamos fazer aquilo que trabalhamos. Com um pouco de sorte, podemos definitivamente ir longe.

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