Fundada por carioca, torcida do Chelsea diz: "Tite falou besteira"
Semanas antes de ser campeão da Copa Libertadores, Tite declarou que o futebol perdeu com o título europeu do Chelsea. A crítica do treinador ao que chamou de antijogo não chegou a Londres, porém repercutiu mal junto aos torcedores brasileiros da equipe inglesa, agora possível adversária do Corinthians no Mundial de Clubes, em dezembro.
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"O pessoal ficou bastante revoltado. Principalmente depois dos jogos contra Vasco e Santos, em que ele jogou muito atrás (e se classificou com vitória por um gol de diferença), sendo que dizia 'não, meu time não joga atrás'. Não foi o que a gente viu. Até mesmo os corintianos do site disseram que ele falou besteira", diz Guilherme Neto, fundador da Chelsea Brasil, torcida oficialmente reconhecida na temporada passada.
"O que vale é estratégia, tudo é estratégia. O Di Matteo (técnico do Chelsea) sabia que não dava para atacar porque o Barcelona (oponente na semifinal da Liga dos Campeões) tem um meio-campo de toque de bola muito bom. A gente também tem essa consciência de que a qualidade do Chelsea é menor. Então a estratégia foi a mais acertada contra Barcelona e Bayern de Munique, na final", completa o engenheiro de produção carioca, 27 anos.
A Chelsea Brasil surgiu da união de amigos interessados pelo Chelsea. Guilherme Neto explica que era fã de Gianfranco Zola desde os tempos de videogame e se ligou ao Chelsea quando o ídolo passou a defender a cor azul, em 1996. Treze anos depois, com domínio de programação em web, criou o site para suprir a insuficiência de notícias em português sobre o clube.
Deu certo. Inspirada na torcida brasileira do Manchester United, a comunidade tem mais de dois mil membros e mais de dez mil seguidores no Facebook. O reconhecimento do Chelsea, a partir de trocas de e-mails durante quase seis meses, veio em 2011. A comunidade foi aceita por ter muitos fãs em dois anos no ar e se tornou a primeira torcida oficial na América do Sul.
Mas a simpatia pelo time não é compartilhada apenas virtualmente. Os torcedores fazem grandes encontros ao menos duas vezes ao ano. No Rio de Janeiro, reúnem-se com frequência para assistir juntos aos jogos. "Antes era em pubs, mas o site cresceu muito, e a faixa etária diminuiu. Como chegou uma galerinha nova, gente de 16 anos, a gente abriu mão dos bares para ver as partidas na praça de alimentação de shoppings, a gente reserva locais nos restaurantes", conta o líder de uma equipe de 18 pessoas, dentre designers, editores e colaboradores.
Torcedor do Vasco, eliminado pelo Corinthians nas quartas de final da Libertadores, Neto é o símbolo de uma legião de brasileiros que torce também por outro clube fora do Brasil. "Acabei me envolvendo tanto que, quando me perguntam para quem eu torceria no Mundial caso o Vasco tivesse sido campeão da Libertadores, eu não sei a resposta", reconhece o carioca, que tem duas tatuagens no corpo: a cruz-de-malta, símbolo vascaíno, e o leão do Chelsea.
À procura de patrocínio que garanta sua viagem em dezembro para o Japão, o engenheiro revoltado com Tite espera encontrar o Corinthians na final do Mundial. Não só para divulgar seu site. "Também porque não gosto do Corinthians. Simpatizo com o Palmeiras por causa da união com a torcida do Vasco. Enfim, seria uma final legal, com o Corinthians vice", provoca.