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Paris Saint-Germain

Briga judicial com Neymar e saída de Messi: presidente do Barcelona escancara crise do clube

Em pouco mais de duas horas de entrevista, Joan Laporta detalha situação financeira e polêmicas envolvendo a equipe catalã

16 ago 2021 - 14h27
(atualizado às 15h29)
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Ainda de ressaca pelo adeus de Lionel Messi, o Barcelona encarou seus demônios nesta segunda-feira. Em duas horas e meia de entrevista, o presidente Joan Laporta comentou sobre as polêmicas que o clube, antes acostumado com títulos de expressão, vem acumulando nos anos recentes. Entre os assuntos, a conturbada saída do craque argentino, a briga judicial com Neymar e a dramática situação financeira do time.

Laporta, que está há pouco mais de seis meses no comando do Barcelona, iniciou a entrevista respondendo uma carta do ex-presidente Josep Maria Bartomeu criticando a atual gestão. O atual mandatário negou um suposto "perdão financeiro" de 16,7 milhões de euros (R$ 103,3 milhões) a Neymar após briga judicial, afirmando se tratar de uma mentira.

Em julho, o Barcelona anunciou ter chegado a um acordo "amistoso" com o brasileiro na Justiça espanhola, por questões trabalhistas e civis, encerrando assim todos os quatro processos movidos entre as partes nas esferas judiciais. Na carta, Bartomeu afirma que, para isso ser possível, a atual gestão de Laporta teria perdoado o atacante, atualmente no Paris Saint-Germain, com um montante considerável.

"Tivemos três ações trabalhistas judiciais com Neymar. Há uma quarta ação judicial que quando Neymar pede a indenização, o Barça impõe uma ação cível no valor de 10,2 milhões de euros (R$ 63,1 milhões) e Neymar ganha a declinação. Esta ação tem de ir para a jurisdição do trabalho onde foi prescrito por falta de ação da direção de Bartomeu, pelo que estes 10,2 milhões de euros não puderam ser reclamados. Não perdoamos a Neymar os 16 milhões de euros", disse.

Em seu revide, o atual presidente catalão classificou como "desastrosa" a política esportiva de Bartomeu. Mesmo vendendo Neymar ao Paris Saint-Germain por 222 milhões de euros (R$ 822 milhões na cotação da época), o clube se afundou em uma dívida financeira pela sequência de negociações milionárias que não deram retorno em campo. Ousmane Dembélé, por 105 milhões de euros (cerca de R$ 388,9 milhões) e Philippe Coutinho, por 160 milhões de euros (R$ 633 milhões mi) são alguns dos atletas que decepcionaram.

"O sétimo ponto da carta refere-se ao fato de que os salários dispararam porque não puderam competir com os clubes rivais e com a Premier League (Campeonato Inglês)", disse. "Isso desencadeia salários e amortizações. E aí estamos nós. A prova é que o esporte não nos fez bem. Eles tinham de mudar o modelo e acreditar em La Masia (local onde treinam as categorias de base)", disse.

O caos financeiro do Barcelona, impulsionado pela pandemia, criou uma bola de neve que culminou na saída de Messi, mesmo sem o jogador querer deixar o clube. Sem conseguir renovar com o atleta, o craque argentino ficou livre no mercado e, mesmo diminuindo seu salário, o clube não conseguiu inscrever o meia por questões do fair play financeiro espanhol, que estipula um teto de gastos para os times da La Liga. Mesmo acertado com Memphis Depay, Sergio Agüero, Emerson Royal e Eric Garcia, o capitão Gerard Piqué teve de diminuir seu salário para o Barcelona inscrever os reforços.

Laporta afirmou, ainda, que o Barcelona chegou a ter uma dívida de 1,3 bilhão de euros (R$ 8 bilhões) no início do ano e que pediu um empréstimo de 80 milhões de euros a um grande banco para poder arcar com a folha de pagamento do clube. O mandatário ressaltou que a política salarial que vinha sendo adotada no Barcelona levou à situação atual, indicando que os vencimentos hoje ocupam 103% do faturamento do clube. Portanto, o Barcelona gasta mais do que arrecada.

"Eles apresentaram um orçamento com hipóteses difíceis de cumprir. Várias delas não foram cumpridas. E, portanto, o orçamento deu menos de 320 milhões de euros para a temporada 2020-2021. Provoca uma situação econômica e patrimonial preocupante e situação financeira dramática. Em 21 de março de 2021, a dívida era de 1,35 bilhão de euros", relatou.

"É uma pirâmide invertida, na qual os veteranos têm contratos longos e os jovens têm contratos curtos. E é difícil renegociar contratos. Essas reduções salariais que os gestores anteriores se vangloriaram, uma redução de 68 milhões de euros, na realidade não é redução porque a encontramos na forma de bônus de rescisão de contrato." A volta do torcedor ao Camp Nou, novos acordos e menos gastos são os caminhos do Barcelona para melhorar sua situação com o elenco que tem. Claro, ganhar títulos ajuda também.

Estadão
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