Comerciantes param trânsito no Recife contra desapropriações da Copa
Como era previsto, dezenas de comerciantes do município de Camaragibe pararam o trânsito no início da Avenida Caxangá, em frente ao Parque da Cidade, em protesto contra os valores das desapropriações de imóveis para as obras de mobilidade da Copa do Mundo. O ato teve início por volta das 6h e os manifestantes seguiram em caminhada até o Centro da cidade, que é vizinha ao Recife.
Nesta tarde, por volta das 17h, uma comissão de manifestantes deve ser recebida pelo procurador Geral do Estado, Thiago Arraes de Alencar Norrões, para discutir a possibilidade de se fazer um novo levantamento para avaliar os imóveis da Avenida Belmiro Correia.
Camaragibe é uma cidade vizinha ao Recife e, assim como São Lourenço da Mata, onde fica a Arena Pernambuco, passará por grandes transformações até o Mundial de 2014. Os comerciantes pedem, além das reavaliações, que o Governo do Estado estenda o prazo para o encerramento das atividades comerciais, que está previsto para dezembro deste ano.
A mobilização reuniu ainda representantes do Comitê Popular da Copa e da comunidade de Cosme e Damião, no Recife. O veterinário Ricardo Cardeal, que morava nas proximidades do estádio que sediou a Copa das Confederações e atualmente é utilizado pelo Náutico, conta que no bairro recifense tem pessoas que foram obrigadas a deixar suas casas há sete meses e ainda não receberam nem R$ 1 de indenização.
Ele, pessoalmente, já teve a casa entregue para uma obra na localidade e agora está na iminência de entregar a clínica veterinária que mantém no Centro de Camaragibe para a obra do Ramal Leste-Oeste, considerado um dos maiores legados de mobilidade da Copa do Mundo para a Região Metropolitana do Recife. Uma das proprietárias do tradicional Colégio Santa Sofia, a educadora Maria José esteve presente à manifestação, que recebeu também o apoio de estudantes.
"Vocês vejam os danos que (as obras) estão causando, não só financeiros. Estamos aqui por uma razão maior: Justiça. Gostaria que vocês, com muito amor e carinho, se juntassem ao nosso governador para refazer as avaliações dos terrenos", explicou a pedagoga, lembrando alguns casos de idosos que adoeceram após receber a notícia de que terão de deixar seus imóveis.