Primeiro título de Libertadores do Flamengo teve medo de repressão militar e comemoração silenciosa
Lico conquistou a competição continental em 1981, com a estrelada geração liderada por Zico
A histórica conquista da primeira Libertadores do Flamengo, em 1981, liderada por Zico, enfrentou desafios como a repressão militar no Chile, mas marcou o início do caminho para o clube aspirar ao quarto título na competição, em 2025.
O Flamengo entra em campo neste sábado, 29, podendo se tornar o primeiro brasileiro tetracampeão da Copa Libertadores da América. Para que Giorgian de Arrascaeta e companhia pudessem brigar para colocar o Rubro-Negro no posto de equipe do País com mais títulos da competição, a geração liderada por Zico precisou vencer uma batalha contra o Cobreloa, do Chile, para levar o troféu continental para a Gávea em 1981.
- Está no Tiktok? O Terra Esportes chegou por lá para te manter informado de um jeito diferente e divertido. Siga nosso perfil, curta e compartilhe!
O ataque formado por Adílio, Zico, Tita, Nunes e Lico não teve apenas os ‘desleais’ defensores chilenos como adversário, mas, também, o regime militar instaurado pelo ditador Augusto Pinochet. O medo causado pela violência dentro de campo e pela intimidação nos bastidores do segundo dos três jogos deixou até mesmo a comemoração do título silenciosa, conforme recorda Lico.
“Foi uma comemoração meio quieta, dando um valor imenso à conquista. Depois, quando chegamos ao hotel, é que houve realmente uma comemoração. A gente brindou com champanhe e cerveja. Foi uma comemoração não muito aberta, mas gostosa pela conquista”, conta em entrevista ao Terra.
Na época, a final acontecia em melhor de três jogos. Após vitória brasileira por 2 a 1 no Maracanã, os flamenguistas viajaram para o duelo de volta em Santiago, no Chile. A derrota por 1 a 0 fora de casa levou a decisão para o duelo de desempate em campo neutro, em Montevidéu, no Uruguai.
“No segundo [jogo] teve uma situação que amedrontou um pouco a gente. Os soldados estavam no vestiário, no corredor, com metralhadora.Tivemos que passar no meio deles. Houve essa situação que tirou um pouco o foco do jogo. Você se depara com aquilo e sente um pouco da reação de um ou outro. Mas, no terceiro jogo, não, foi tudo normal. Era campo neutro, uma coisa mais tranquila”, explica o ídolo rubro-negro.
Para conquistar os títulos da Libertadores, Mundial, Campeonato Carioca, Campeonato Brasileiro e tantos outros, a geração de ouro flamenguista uniu ‘qualidade técnica, amor ao clube, garra, determinação e disciplina’, na visão de Lico.
Os feitos fazem o ex-atacante colocar o estrelado elenco rubro-negro como o ‘segundo melhor time do Brasil’, atrás apenas do Santos de Pelé dos anos 1960. O carinho pelos ex-companheiros é tamanho que o ex-camisa 11 não vê nenhum jogador do atual Flamengo tendo espaço na formação eternizada por: Raul Plassmann; Leandro, Mozer, Marinho, Júnior; Andrade, Adílio, Zico, Tita; Lico e Nunes.
“Hoje, o melhor jogador do futebol brasileiro e que talvez esteja entre os cinco melhores do mundo chama-se Giorgian De Arrascaeta. Onde você vai colocar o Arrascaeta naquele time se ele joga na posição do Zico? Ele não joga de volante, não joga de meia direita, não joga de ponta. Ele é uma meia de ligação, hoje diferente um pouco. Mas ele não jogaria no lugar do Zico. Não que ele não tivesse condições, ele tem condições muito grandes. Mas não tem ninguém melhor do que aqueles caras que jogaram”, analisa.
Para a final da Libertadores contra o Palmeiras, Lico prefere não dar palpites. Mesmo assim, o ídolo da Gávea sabe que o Flamengo terá uma vantagem importante contra o rival no Estádio Monumental, em Lima, no Peru.
“O adversário tem um potencial muito grande com um treinador que eu acho ser o melhor do futebol brasileiro hoje, que é o Abel [Ferreira]. Só que não tem um grupo de jogadores tão eficientes como tem o Flamengo. O Flamengo leva essa vantagem. Mas é final e às vezes você não precisa ter uma qualidade melhor. Você precisa ter a força, a garra e a alma para jogar uma decisão e poder superar e mostrar que você foi campeão, independente de ter jogado bem ou não. A sua imposição dentro de campo é que vai prevalecer nesse jogo”, completa.
Pelo quarto título, o Flamengo entra em campo neste sábado, 29, às 18h (horário de Brasília), contra o Palmeiras. Além do troféu de 1981, o Rubro-Negro ostenta as conquistas de 2019 e 2022.