Por que o Brasileirão não usa a tecnologia que validou gol do Flamengo no Intercontinental ?
Sistema utilizado no torneio da Fifa torna mais rápida a análise de lances em que há dúvida se a bola cruzou a linha
O segundo gol do Flamengo na vitória por 2 a 1 sobre o Cruz Azul, do México, pela Copa Intercontinental, foi validado rapidamente, mesmo se tratando de um lance em que se fazia necessário conferir se a bola cruzou ou não a linha do gol. A velocidade da validação se deu em razão da tecnologia usada no torneio: um sistema que se utiliza de um conjunto de câmeras para determinar a posição da bola e envia uma mensagem ao relógio do árbitro dizendo se a bola atravessou a linha ou não.
Resolução para evitar polêmicas no futebol brasileiro, esse tipo de tecnologia ainda não foi aplicado ao Brasileirão. O motivo: economia e pouca 'demanda'.
Um dos sistemas aprovados pela Fifa é o da empresa alemã Goal Control, que divulgou publicamente seus preços. Para se ter uma ideia, o custo de instalação de uma tecnologia do tipo em apenas um estádio chega a US$ 260 mil (cerca de R$ 1,47 milhão em conversão direta). Instalar em todas as sedes do campeonato superaria os R$ 26 milhões.
A implementação, no entanto, não seria a única despesa, já que também teriam que ser incluídos serviços de operação. De acordo com a empresa alemã, estes chegam a US$ 3,9 mil (aproximados R$ 22 mil) por jogo. Multiplique o valor pelos 380 jogos disputados somente no Brasileirão e o total é de US$ 1,482 milhão (R$ 8,42 milhões).
O debate sobre os custos da tecnologia não se restringem somente ao Campeonato Brasileiro e ao jogo entre Sport e Fortaleza. A Premier League viveu um dilema quando implementou a linha do gol, na qual um conjunto de câmeras identifica se a bola cruzou completamente a meta, em seus jogos, em 2013.
Naquela época, cada clube teve que pagar 15 mil libras (R$ 113 mil na cotação atual, sem contar ajustes de variação) à Fifa para a instalação do sistema e ter o selo de qualidade da entidade. Para cada estádio, o total chegava a 250 mil libras (R$ 1,89 milhão), de acordo com informações do veículo britânico Daily Mail à época.
Esse problema também restringe o Brasil. E não é toda a Europa que é adepta da tecnologia de linha do gol ou do chip na bola, utilizado no Brasil pela última vez na Copa do Mundo de 2014 e vetado pelos mesmos problemas financeiros. O recurso também não foi implementado em La Liga, o Campeonato Espanhol. O presidente do torneio, Javier Tebas se opõe, e novamente, pelos altos custos.
Brazuca, a bola da Copa do Mundo de 2014, continha um chip na bola para auxiliar os árbitros, mas tecnologia nunca mais foi utilizada.
Fontes da competição defenderam que o VAR em si já cumpre esse papel. "Desde que foi implementado, houve quase 3.000 partidas (contando primeira e segunda divisões). Todas as situações que exigiram tecnologia para ajudar a verificar se a bola entrou ou não foram resolvidas satisfatoriamente com a câmera da linha de gol e o VAR", disseram ao Marca.
Em suma, a tecnologia da linha do gol ou a volta do chip da bola não devem acontecer tão cedo no Brasil e mesmo mundialmente não é unanimidade.