PUBLICIDADE

Dossiê acusa UCI de encobrir escândalo de doping de Lance Armstrong

10 mar 2015 - 10h14
(atualizado às 10h14)
Compartilhar
Exibir comentários

A Comissão Independente para a Reforma do Ciclismo (CIRC) publicou na última segunda-feira um relatório de 227 páginas onde acusava a União Ciclista Internacional (UCI) de encobrir Lance Armstrong e outros ciclistas flagrados pelo exame antidoping para "salvar a reputação do esporte", principalmente depois do escândalo com a Festina, em 1998.

O caso Festina foi uma grande operação contra o doping na elite do ciclismo, na França, que levou ao desmantelamento de uma grande rede internacional de dopagem de atletas. O relatório diz que essa proteção a nomes envolvidos em casos de doping, como Armstrong, a quem alega que houve "tratamento preferencial" porque a entidade o encara como "uma figura ideal para o renascimento do ciclismo depois do escândalo de Festina".

O norte-americano iniciou sua carreira em 1992, mas pouco depois, foi diagnosticado câncer nos testículos. Curado, criou a Fundação Lance Armstrong para combater à doença e voltou a competir, faturando nada menos que sete títulos da Volta da França, maior prova de ciclismo do mundo, entre 1999 e 2005. Ainda conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000. No entanto, com as acusações de doping, optou por encerrar a carreira. Voltou às pistas em 2009, mas diante de mais acusações do consumo de substâncias ilícitas, se aposentou novamente. Dois anos depois, foi formalmente acusado pela Agência Antidoping Americana e banido do esporte, perdendo os títulos da Volta da França e a medalha olímpica. O documento da CIRC diz que a história de superação do atleta fez com que a UCI o tratasse de forma diferenciada.

"A UCI não conseguiu perceber que Armstrong, o herói que sobreviveu a um câncer e era um ídolo de milhares de fãs do Ciclismo, tinha os mesmos direitos e obrigações de qualquer outro ciclista", diz o relatório.

Encomendado por Brian Cookson, atual presidente da entidade, o dossiê custou 2,3 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 10,6 milhões) e foi montado a partir de 174 entrevistas com pessoas relacionadas à modalidade, incluindo Armstrong, outros atletas e funcionários da UCI ao longo do s últimos 13 meses. O documento também trata da situação atual da modalidade, afirmando que o doping continua sendo um problema recorrente porque constantemente surgem novas substâncias.

O documento da Comissão também exige a criação de novos meios de controle e testes mais avançados para coibir a dopagem e a subsequente melhora do rendimento dos ciclistas, além de acusar antigos dirigentes da entidade de fazer vista grossa aos escândalos.

Cookson diz que o UCI "sofreu bastante com a má gestão de indivíduos que tomaram decisões cruciais, que minaram os esforços na luta contra o doping", citando o ex-presidente Hein Verbruggen, que ficou no cargo de 1991 a 2005, e Pat McQuaid, que assumiu em seguida e chegou a ir a público para defender Armstrong, mesmo diante das acusações com testemunhas e resultados de exames de sangue.

O documento ainda revela que, durante a gestão de Berbruggen, o ciclista foi incentivado a entregar uma receita médica para evitar punições após ser flagrado com corticosteroides no organismo, além de ter sido autorizado a voltar em 2009 e competir na Austrália sem se submeter aos testes necessários.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade