A Confederação Brasileira de Basquete comemora o sucesso de público nas
primeiras rodadas do Campeonato Nacional. Um sucesso parcial, apenas
constatado em cidades interioranas. Nas grandes capitais, o esporte ainda
está escondido. O que não é novidade.
Não é fácil atrair público nas capitais. Há mais ofertas de diversão,
sem falar na concorrência com o futebol. Mas acredito que o maior problema é
outro: a falta completa de estrutura para atrair o torcedor. Se nos grandes
estádios do país já não existe a mínima infraestrutura, não seria diferente
nos ginásios.
No interior, é bem diferente. Ter um time de basquete no Campeonato
Nacional é a grande atração da cidade. Como em Mogi das Cruzes, Uberlândia,
Araraquara, Ribeirão Preto e Franca, para citar algumas. Existe uma
mobilização comunitária. É como se a população adotasse o time inteiro. Mais
ainda: torna-se programa obrigatório.
O sucesso das primeiras rodadas se deve justamente a esse fator de
interiorização do basquete, que já foi citado em colunas anteriores. Para
comparar: Bicampeão brasileiro, o Vasco só conseguiu reunir 659 torcedores
em sua partida de estréia; em Mogi, quase 6 mil torcedores acompanharam o
jogo contra o Flamengo.
Em São Caetano, na Grande São Paulo, a situação foi ainda pior: o
menor público da primeira rodada, com apenas 203 torcedores. E nem o
Flamengo, time de maior torcida do país, escapou deste efeito: em sua
estréia no Rio, pela segunda rodada, registrou público de apenas 364
pessoas. No mesmo dia, Araraquara jogava para mais de 5 mil torcedores!
O trabalho feito no interior, principalmente em São Paulo, tem sido
fundamental para o basquete brasileiro. Mas é preciso também cativar os
grandes centros, como forma de atrair investimentos e patrocinadores. Para
isso, é fundamental ter boa estrutura para receber o público, sem falar em
boas equipes, que sejam capazes de conquistar a atenção e até rivalizar com
o futebol (que já não anda lá essas coisas!).
Não é preciso dizer que os ginásios norte-americanos deixam os nossos
no chinelo. Quem vai à NBA se prepara como se estivesse a caminho de um
grande show. Neste sentido, ainda estamos no século retrasado. Enquanto
isso, a festa no interior continua. Que inveja!