São anos e anos de cestas e reclamações. É
difícil, nos arquivos, encontrar uma partida de Oscar
onde ele não tenha reclamado da arbitragem. Na segunda
final da decisão do Carioca, desta vez ele não teve o
que questionar. Pelo contrário, deve agradecer a mão
amiga dos juízes
Uma falta inexistente apontada em Helinho sobre
Ratto, no último segundo, com a partida empatada, deu a
vitória ao Flamengo. O resultado, de todo modo, não foi
injusto, em razão do banho de bola que a equipe rubro-
negra deu no primeiro tempo, quando chegou a ter 21
pontos de vantagem.
Injusta foi a maneira como o Vasco perdeu. Após
chegar ao empate, numa reação histórica, não merecia
mesmo perder dessa maneira. Seria melhor que Ratto
tivesse acertado o arremesso ave-maria com o relógio a
ponto de soar o final da partida. Doloroso foi perder um
jogo vendo o adversário arremessando lances livres de
uma falta inexistente, de faltas-técnicas motivadas pela
revolta, sem ao menos ter como reagir. Foi como uma
execução sumária.
E o que disse Oscar? Nada. Calou-se. Aceitou o
erro da arbitragem, porque desta vez foi a seu favor.
Imagine se fosse o contrário: a choradeira seria enorme,
como já aconteceu centenas de vezes. Na altura de sua
experiência, o veterano cestinha deveria se aliar ao
Vasco e rejeitar, desde já, arbitragens como essa.
Helinho, ao final da partida, tinha razão em cobrar
juízes competentes. Afinal, não foi apenas no lance
crucial que o apito falhou. Pouco antes, Charles Byrd
invadiu para o garrafão quando foi atropelado por
Aylton. A marcação, equivocada, foi de falta de ataque.
Com a final empatada, é hora de Vasco e Flamengo
deixarem a rivalidade de lado e assumirem uma posição
conjunta: exijam uma arbitragem isenta e correta. Do
contrário, o que aconteceu nesta terça-feira pode se
repetir no próximo jogo.
E se o Flamengo está mesmo disposto a ganhar o
título, precisa rever também a situação de Oscar. Ele
não pode ficar em quadra o tempo todo. Além de não ter
pernas para isso, desgasta-se de uma tal forma que perde
o braço nos instantes finais.
Oscar falhou dois arremessos fáceis em momentos
decisivos, justamente pelo cansaço. Seria melhor se o
cestinha fosse poupado durante o jogo, guardando
energias para o final. O Flamengo tem jogadores jovens
que podem se desdobrar no início da partida, com a
intenção de ter seu melhor jogador nos instantes finais.
Com Oscar cheio de gás, as chances do Flamengo
crescem. Mas isso não é tudo. O fator arbitragem pode
ser mais importante do que uma pontaria afiada. Algo
que Oscar sabe muito bem.