Tem algo de errado nas eleições feitas pela NBA para indicar os
melhores da temporada. Quatro prêmios para o Philadelphia, recorde na
história da liga, é uma aberração. Nem mesmo o Chicago Bulls de Jordan, o
Boston de Bird ou o Lakers de Magic receberam tamanha honraria. Então, por
que cargas d'água o 76ers foi tão premiado?
Que Allen Iverson receba o prêmio de MVP ainda vá lá. Ele realmente
mereceu, foi o cestinha (está sendo também nos playoffs) e carrega o time
nas costas. Esta coluna havia defendido a indicação para Shaquille O'Neal,
pela forma como intimida os adversários. Mas a escolha de Iverson não pode,
jamais, ser considerada injusta.
Deram o prêmio de melhor jogador defensivo a Dikembe Mutombo, o único
pivô do Leste. Assim, foi moleza subir nas estatísticas de melhor reboteiro
e incrementar seu índice de tocos. Mas cá, entre nós, Mutombo é um pivô
mediano. Gostaria de vê-lo em uma final contra Shaq...
O Philadelphia ainda levou os prêmios como o melhor reserva (Aaron
McKie) e melhor técnico. Ora, o time deve seu desempenho ao astro Iverson.
Sem ele, só levou pancada. Então, como pode um treinador ser eleito o
maioral desta maneira?
O grande técnico da temporada foi George Karl. Afinal, quem, alem dele
próprio, acreditava que o Milwaukee Bucks chegaria até aqui, numa final de
conferência e, agora, com a vantagem de decidir em casa? Que o Philadelphia
era um dos favoritos, isso todo mundo sabia desde outubro do ano passado,
quando o campeonato começou. Não há novidade nenhuma em sua campanha.
A NBA deve estar muito interessada em promover o Philadelphia. E deve
ter ficado muito desapontada com a derrota desta quinta-feira, que deixou o
Milwaukee em ótima situação para fechar a série e ir à grande decisão. Mas é
bom lembrar que o 76ers também perdeu jogos em casa diante do Indiana e do
Toronto e, mesmo assim, conseguiu vencer as duas séries.
Imagine, então, o vexame que não será ter quatro MVPs da temporada e
nem ter conseguido chegar à final da NBA! E depois o Pelé ainda vem dizer
que brasileiro não sabe votar. Ora bolas!