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Fernando Santos
Terça-feira, 20 Março de 2001, 14h14
terraesportes@terra.com.br

O dilema de Jordan


Se eu estivesse na situação de Michael Jordan, dirigindo um time de jogadores medíocres, também pensaria da mesma maneira: "Sozinho, faço muito mais do que esses incompetentes". Talvez isso tenha motivado o rei a bater uma bolinha em quadras de Chicago, nos últimos dias, o que levantou as especulações sobre um novo possível retorno.

Contra sua vontade, pesa a consciência. Jordan se retirou no auge, talvez como nenhum outro mortal possa fazer. Saiu da NBA como campeão, com o arremesso vencedor que entrou para a história. Uma saída célebre, para ser lembrada por séculos. Agora, ele pode jogar tudo isso pela janela. Basta voltar, e fracassar.

Eis o dilema de MJ: seguir o coração ou a paixão? Ofertas não faltam. Qual o time que não gostaria de contar com Jordan? Ele tem as portas abertas, não apenas nas equipes, mas também na cúpula da NBA. Desde a segunda aposentadoria do astro, o público fugiu das quadras, os ginásios estão a cada jogo mais vazios, o espetáculo está perdendo a graça.

A NBA não vai morrer, mas sem Jordan ficou menos atraente. É por isso que qualquer sinal que indique para o retorno de Michael desperta o interesse dos fãs. É como se houvesse uma corrente, uma força de pensamentos positivos, para ajudá-lo a tomar a decisão. Pelos torcedores, não haveria dúvida: Jordan, seu lugar é na quadra!

E o que diriam os críticos? Estariam sedentos para desfilar seu veneno, dizer que está acabado, que deveria ficar em casa ou jogando golfe. As comparações seriam inevitáveis: estatísticas das várias fases de sua carreira seriam colocadas para mostrar que ele já não é o mesmo. Ou alguém acredita que, se voltar, Jordan será tão bom quanto foi?

O rei está com 38 anos, teve uma lesão grave no dedo ao cortar um charuto, o que reduziu sua habilidade. Dizem que ele já não pode mais segurar a bola com apenas uma mão, que era uma de suas jogadas mágicas para iludir o marcador. Dois anos depois de se retirar, o arremesso também não deve ser tão preciso. Sem falar na impulsão, que consagrou suas enterradas voadoras, que lhe valeram o apelido de Air Jordan.

Quanto ao dinheiro, Jordan está literalmente montado na grana. Ainda consegue faturar dezenas de milhões de dólares em publicidade. Portanto, essa não é a questão. A geração de seus filhos, netos e bisnetos está mais do que garantida.

Deve-se considerar também seu enorme ego. Jordan sempre foi um vencedor, e sempre jogou para vencer. Não admitia a derrota, lutou a vida toda para se colocar na posição para triunfar. Nem que para isso tivesse de mover montanhas, levando junto seus companheiros, técnicos e dirigentes. Por isso, a indicação de que, se realmente estiver disposto a voltar, Jordan poderia atuar no Lakers, ao lado de seu guru Phil Jackson e de jogadores (Shaquille O'Neal e Kobe Bryant) capazes de ajudá-lo a mais uma conquista.

Mas tudo isso pode ser desconsiderado neste momento. Se Jordan está mesmo disposto a voltar, ele deve pensar apenas nele. Ninguém fez mais pelo basquete do que ele. Sua carreira será sempre lembrada como a do maior jogador de todos os tempos. O que ele pode fazer agora é se divertir. Isso mesmo: jogar por pura diversão. E nós, pobres mortais, iremos adorar! Como sempre.

 

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